Título: Queda de juros deve dar impulso à Bolsa
Autor: Alves, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2011, Economia, p. B8

Para analistas, ciclo de redução da taxa Selic vai favorecer o mercado de ações

A decisão do Banco Central de cortar os juros em 0,5 ponto porcentual poderá alimentar uma forte alta da Bovespa, segundo analistas e investidores estrangeiros.

A subida da Bolsa brasileira nos últimos dias ainda não é considerada uma recuperação sustentada. Ela tem sido proporcionada por uma maior demanda por ativos de risco, como ações e commodities, em razão da expectativa de que o Federal Reserve (Fed) manterá uma política de estímulo monetário para resgatar a frágil economia americana.

"As ações brasileiras estão, em grande medida, muito baratas depois da queda observada ao longo deste ano e, se entrarmos num ciclo de cortes da taxa Selic, há um potencial para um rali (alta) poderoso na Bovespa", disse à Agência Estado Greg Lesko, diretor-gerente da Deltec Asset Management em Nova York, que têm US$ 850 milhões em ativos, dos quais quase US$ 200 milhões investidos na Bovespa.

"Os investidores em bolsa são muito sensíveis à taxa de juros, e como a Selic ainda está muito elevada a Bovespa acaba tendo uma competição muito difícil com as aplicações de renda fixa pelo dinheiro de mais longo prazo dos investidores".

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o ciclo de alta de juros em 19 de janeiro deste ano, elevando a taxa básica em 0,50 ponto porcentual, o índice Bovespa fechou naquele dia a 70.058,08 pontos. Na reunião de 02 de março, quando o Copom aumentou a Selic em mais 0,50 ponto porcentual, o Ibovespa caiu para 67.281,51. A Bolsa brasileira seguiu em queda depois de aumentos de 0,25 ponto porcentual em três reuniões consecutivas do Copom, com a taxa Selic atingindo o patamar de 12,50% na reunião de 20 de julho. Desde o dia 19 de janeiro, quando o Copom iniciou o ciclo de aperto monetário, a Bovespa caiu quase 20% até o fechamento do pregão de ontem, quando atingiu 56.495 pontos.

Novo ciclo. "Há, de fato, um ambiente internacional mais favorável para ativos de risco com sinais de estímulo à economia dos Estados Unidos pelo Fed, o que favorece ações dos mercados globais. Contudo, mais importante para o avanço da Bovespa é a antecipação pelos investidores do fim do ciclo de alta dos juros", afirmou o vice-presidente para mercados emergentes da MF Global, Michael Roche, baseado em Nova York. "A Bovespa poderá entrar num período de recuperação se o Banco Central passar a sinalizar um cenário econômico que favoreça o corte da taxa Selic no futuro".

Na opinião da estrategista de ações para mercados emergentes do banco UBS em Nova York, Jennifer Delaney, ainda é cedo para atribuir a alta das bolsas de valores mundiais na última semana à recuperação sustentável do apetite por risco pelos investidores internacionais. "No Brasil, o fim do ciclo de aperto monetário, a queda na inflação e os preços atrativos das ações devem impulsionar a Bovespa".

Ofertas

Para analistas, preços das ações estão baratos após a queda das cotações este ano, e sinal do Banco Central pode virar o mercado.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 01/09/2011 01:33