Título: Consultorias reduzem previsões do PIB
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2011, Economia, p. B1

Desaceleração das economias dos EUA e da Europa leva empresas a reavaliar para baixo suas projeções para este e para o próximo ano

A possibilidade cada vez maior de desaceleração nas economias dos EUA e da Europa já mudou a expectativa de crescimento para o Brasil. As principais consultorias reavaliam suas projeções e os números ficam mais pessimistas.

Exemplo disso é a MB Associados, que revisou a projeção do PIB de 2011 para 3,9%, de 4,2%. "A turbulência internacional trouxe a discussão sobre possíveis impactos na economia brasileira", diz relatório da consultoria. O maior impacto decorre das menores exportações e da desaceleração da indústria. Por enquanto, segundo a MB Associados, o setor de serviços é pouco afetado.

O banco UBS foi outra instituição a rever os cálculos. Em relatório, o banco afirma que o crescimento do Brasil vai desacelerar em 2011, com a queda das exportações e o declínio nos investimentos. O banco recalculou suas previsões e agora diz que o País vai crescer 3,1% em 2011, em vez do número anterior de 3,9%. Em 2012, o crescimento deve ser de 3,6%, e não mais de 4,1%.

A consultoria Tendências também está revisando a perspectiva de crescimento da economia brasileira para 2011, principalmente por causa de a produção industrial de junho ter sido mais fraca do que o esperado. "Acreditamos que isso terá um impacto no PIB do segundo semestre", diz a economista Alessandra Ribeiro.

Inicialmente a consultoria projetava alta de 1,1% do PIB no segundo semestre em relação ao primeiro e de 3,9% em 2011. "A revisão ainda não está concluída, mas aponta para 0,7% no segundo semestre e 3,6% no ano," Para 2012, a economista diz que a alta de 3,7% está mantida.

Já a LCA Consultores diz que o viés é de baixa, mas por enquanto não revisou seus números porque afirma que desde o início do ano mantém projeções menos otimistas que o mercado. "Nos mantivemos mais cautelosos. Não compramos a ideia de uma rápida recuperação da economia mundial", diz o economista Celso Toledo. A perspectiva é de alta de 3,4% do PIB em 2011 e de 3,7% em 2012. "Mas não ficaria surpreso se subisse apenas 3% neste ano", confessa Toledo.

No último relatório Focus, que compila a opinião de cem instituições financeiras, a projeção para o PIB em 2011 recuou de 3,94% para 3,93%. O número é próximo ao cálculo divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que reúne os números das equipes de análise dos associados. Após cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir a taxa básica de juros (Selic), a Febraban faz o relatório de projeções. No último, de julho, o crescimento do PIB em 2011 era previsto em 3,9% e em 2012, de 4%. Segundo a assessoria de imprensa, dados fracos de atividade devem diminuir essa expectativa.

Resultados fracos. Nos últimos dias, aumentaram os sinais de desaquecimento mais forte nos EUA e na Europa. O PIB do 2.º trimestre da zona do euro avançou apenas 0,2%. Na Alemanha, o crescimento foi ainda menor, de 0,1%. Nos EUA, o índice do Fed da Filadélfia caiu 30,7 pontos, enquanto analistas esperavam alta de 1 ponto.

O Brasil também já mostra sintomas de desaceleração. Além da produção industrial de junho, que teve forte queda, de 1,3%, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia PIB, teve queda de 0,26% em junho ante maio, a primeira em 30 meses.