Título: Diretor do BC indica manutenção da Selic
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2011, Economia, p. B1

Ao apresentar Boletim Regional, Carlos Hamilton exibe cenário mais tranquilo no combate à inflação

Inflação em ritmo mais lento, crédito em desaceleração, economia menos aquecida e piora do cenário internacional. O quadro descrito ontem pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, não lembra em nada o tom de preocupação da mesma instituição há alguns meses, quando o BC começou a elevar o juro. O discurso reforça a aposta de que a Selic deve interromper trajetória iniciada em janeiro e deverá ser mantida nos 12,5% na próxima decisão, dia 31 de agosto.

Ao apresentar o Boletim Regional do BC, Carlos Hamilton exibiu vários indicadores que apresentaram forte reversão desde o início do ano. Entre os dados mais recentes, estão a criação de emprego e a concessão de novos empréstimos nos bancos. Ambos mostram clara desaceleração ante 2010. "É possível observar alguma moderação na margem na criação de postos de trabalho e no crédito", disse em um discreto tom de comemoração.

O diretor também chamou a atenção para o recuo dos índices de inflação entre abril e junho. "É uma resposta às medidas de política introduzidas no primeiro semestre de 2011 e no fim de 2010." Para Carlos Hamilton, os índices também reagiram positivamente à percepção de que os efeitos do choque das commodities já podem ter sido totalmente incorporados aos preços.

Vale lembrar que em janeiro, quando o juro começou a subir, as commodities eram o principal motor de alta da inflação. Na ata que explicou os motivos do começo do aperto monetário, os diretores do BC diziam que os alimentos eram os principais culpados pelo aumento da inflação.

O cenário mais tranquilizador para a inflação, descrito pelo diretor, vem apenas um dia após o presidente do BC, Alexandre Tombini, dizer que a recente desaceleração do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostra "moderação do crescimento em linha com o que estávamos comunicando ao mercado e à sociedade". Para Tombini, a desaceleração resulta do "processo iniciado em janeiro" com a alta do juro.