Título: EUA e Europa puxam queda de bolsas
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2011, Economia, p. B1

Investidor deixa mercados temendo uma nova recessão nos Estados Unidos e preocupado com a estabilidade dos bancos europeus

Os principais índices acionários no mundo encerraram em queda ontem, cravando a quarta semana de perdas, com a maioria dos compradores deixando o mercado antes do fim de semana, por causa dos crescentes temores de mais uma recessão nos Estados Unidos e pela falta de estabilidade no sistema financeiro da Europa.

O Índice Dow Jones, referência da Bolsa de Nova York, recuou 1,57%. O termômetro de tecnologia Nasdaq caiu 1,62%, enquanto que o índice Standard & Poor"s 500 teve desvalorização de 1,50%. Na Europa, as bolsas também encerraram no vermelho. Londres caiu 1,01%; Frankfurt, 2,19%; e Paris,1,92%.

No Brasil, não foi diferente. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou em baixa de 1,29%, após ter subido quase 1% durante a manhã.

Os investidores nos EUA, já vacilantes por causa das grandes perdas em papéis sensíveis à atividade econômica, foram afetados por uma fraca previsão da Hewlett-Packard, cujos papéis recuaram quase 20%, seu pior dia desde a crise do mercado acionário em 1987. Foi o mais recente acontecimento desencorajador em um mês cheio de más notícias, desde a queda da nota do crédito dos Estados Unidos até os indícios de forte desaceleração do crescimento mundial.

"O que vejo no momento é, basicamente, uma crise de confiança, mais do que necessariamente uma crise econômica ou financeira", disse Natalie Trunow, vice-presidente de investimento da Calvert Investment em Maryland, que gerencia cerca de US$ 14,8 bilhões.

Bola da vez. Na Europa, os bancos continuaram sendo golpeados em toda a sessão, com os crescentes custos de financiamentos às instituições se tornando o mais recente problema a abater o setor, que já enfrenta dificuldades com uma crise de dívida na zona do euro ainda não resolvida.

A persistente preocupação com o modo como a crise está sendo combatida, principalmente com a falta de unidade política, e a proibição de vendas a descoberto também contribuíram para a queda do setor, segundo operadores.

As ações do banco francês Société Générale, um dos maiores do continente, caíram 49% entre o dia 1.º de julho e quinta-feira, observou o jornal parisiense Le Monde. Ontem, as preocupações também se intensificaram com relação aos bancos suíços, depois das informações de que o Banco Nacional da Suíça (SNB, banco central do país) recorreu à linha de swap de liquidez do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e tomou US$ 200 milhões. No entanto, o UBS e o Credit Suisse negaram que tenham solicitado o uso dos recursos.

Assim como lá fora, os bancos no Brasil figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa. Itaú Unibanco PN fechou em baixa de 3,72%, Santander ON perdeu 3,53% e Bradesco PN recuou 2,42%. "Isso é principalmente um reflexo do que está acontecendo no exterior, uma vez que a crise está concentrada no setor financeiro. O movimento também pode estar relacionado ao risco de uma inadimplência maior por aqui", afirmou o analista da Octo Investimentos Fernando Góes.