Título: Bancos buscam alternativas para captação
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2011, Economia, p. B1

Instituições financeiras procuram oferecer investimentos que garantam a cobertura do FGC aos clientes, por exemplo, para obter mais recursos

A crise global cria dificuldades e exige criatividade, principalmente, de bancos médios e pequenos para a captação de recursos. O quadro, observado por fontes do mercado, é validado pelo governo. O Banco Central e o Ministério da Fazenda reforçam a "torre de observação" e estão prontos para atuar, em caso de piora da situação ante a possibilidade de contaminação da volatilidade do cenário global.

"Há hoje um mal-estar mundial que não está resolvido porque todo dia tem um problema novo no mundo. Este momento mundial nos preocupa, não só em relação aos pequenos e médios, mas também em relação aos grandes bancos", admite o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva. A ABBC é a entidade representativa das instituições bancárias de pequeno e médio portes.

Nesse ambiente de maior insegurança, Oliva explicou que as instituições começam a rever as estratégias para captar mais recursos. Ele mencionou o caso do banco Sofisa, que mostrou um caminho interessante ao optar por vender mais CDBs de até R$ 70 mil, que têm garantia integral do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Segundo Oliva, essa busca por uma maior penetração no mercado de varejo é boa alternativa porque diminui a concentração de investidores, ao mesmo tempo em que fortalece as instituições. Ele explica que, por meio dessa estratégia, os bancos médios e pequenos podem dar um diferencial de rentabilidade aos aplicadores. Além disso, os investidores se tranquilizam pela garantia integral do FGC.

Para o presidente da ABBC, os bancos de menor porte têm condições de fazer essa transição de modelo de captação.

Carteiras. Segundo fontes ouvidas pela Agência Estado, além das iniciativas para diversificar o modelo de captação, o sistema financeiro tem a opção de venda de carteira de crédito. Em junho, o BC prorrogou até 30 de dezembro os benefícios para a compra de carteiras.

As operações poderão ser retomadas com o início de funcionamento da Central de Cessão de Crédito (a chamada C3), previsto para segunda-feira. Nessa câmara, as instituições poderão visualizar o registro das carteiras de crédito que pretendem adquirir, reduzindo os riscos.

Apesar da maior dificuldade de captação dos bancos menores, nenhum deles pediu ajuda ao FGC, segundo o diretor do fundo, Antonio Carlos Bueno. Ele diz que há R$ 14 bilhões para um eventual socorro.