Título: Escudeiro de Renan vai para a oposição
Autor: Bresciani, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2011, Nacional, p. A6

Almeida Lima cita questões éticas e adere ao PPS O troca-troca partidário fará com que a comissão de reforma política da Câmara perca seu presidente. O deputado sergipano Almeida Lima vai deixar o PMDB para ingressar no PPS e promete deixar o cargo na comissão. A formalização da mudança deve se dar na próxima semana.

O próprio Almeida afirma que sua saída é um retrato do sistema político atual. Deixará a legenda por não ter conseguido espaço no partido em seu Estado. O deputado almeja disputar a Prefeitura de Aracaju, mas o PMDB tem uma aliança com o PT no Estado e não deverá ter candidato próprio na capital.

A saída do parlamentar foi precedida de processo judicial. Almeida conseguiu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decisão favorável da ministra Carmen Lúcia para não correr o risco de perder o mandato na Câmara.

O deputado reclama de "falta de democracia interna" no PMDB e ataca Jackson Barreto, vice-governador de seu Estado. "O que falta a Almeida é a experiência da convivência e da disputa democrática", reage Barreto.

Almeida expressa também desconforto com a aliança PT- PMDB. Para ele, o PMDB virou "apêndice" do aliado. Cita ainda os casos de corrupção como motivo para se abrigar na oposição. "Esta questão da corrupção está no DNA do PT."

Apesar de agora apelar ao discurso ético, Almeida Lima ficou conhecido em 2007 como expoente da tropa de choque que defendeu o então presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), suspeito de desvios de conduta e forçado a deixar o posto para conseguir absolvição em plenário.

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), minimiza esse registro da biografia da nova aquisição do partido. "Era um caso de consciência pessoal. Não dá para dizer que o Almeida Lima é igual ao Renan. Ninguém o acusa de ser desonesto." Freire destaca como novidade na política o fato de o deputado estar fazendo um movimento inverso ao convencional. "Alguém hoje no Brasil deixar a base para fazer oposição é um fato importante e que merece respeito".