Título: Bancos e consultorias elevam projeções para IPCA
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2011, Economia, p. b1

Inflação de 0,37% em agosto, mais que o dobro do índice de julho, provoca mudança nas previsões de economistas para 2012 e também para este ano

O salto do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho para agosto fez os bancos e as consultorias elevarem as projeções de inflação para 2012. Também é considerada a possibilidade de o IPCA fechar 2011 estourando o teto da meta, de 6,5%. Com alta de 0,37% do IPCA de agosto, mais que o dobro da variação de julho (0,16%), a inflação acumulada em 12 meses até agosto atingiu 7,23%.

"A inflação caminha para estourar o teto da meta de 6,5% ao final de 2011", disse o economista Marcelo Fonseca, do Banco M. Safra. A avaliação é compartilhada pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, que estima um IPCA em 6,5% para 2011. "Há chances de ficar acima do limite superior da meta."

A MB Associados, por exemplo, aumentou de 5,3% para 5,7% a projeção de IPCA para 2012 e prevê 6,5% para este ano. O HSBC elevou a previsão do IPCA deste ano de 6,2% para 6,5% e a de 2012 de 5,4% para 5,7%.

Com o resultado de agosto do IPCA e as expectativas de mais pressões vindas dos preços dos alimentos, especialmente em setembro, o economista-chefe da Máxima, Elson Teles, disse que projeta IPCA de 6,6% para 2011.

"A inflação neste ano está mais difícil de domar", afirmou o economista Luiz Roberto Cunha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Ele acredita que, em 12 meses, o IPCA deste ano vai convergir para o teto da meta até dezembro. A previsão do professor é de 6,4% para 2011. "Dificilmente a inflação vai baixar muito de 6% no ano que vem. A menos que você tenha uma repetição, digamos, da crise, em termos de commodities, do ano de 2008 e 2009, que não está muito no mapa não", previu.

O Brasil poderá precisar de doses agressivas de altas de juros em 2012, caso as perspectivas atuais do BC não se concretizem, avaliou Sian Fenner, analista global do Lloyds Bank. Ele não vê a inflação convergindo para o centro da meta de 4,5% em 2012.

IGP-DI surpreende e atinge 0,61%

Após dois meses em queda, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) surpreendeu negativamente o mercado e subiu 0,61% em agosto, superando o teto das previsões (0,60%). A taxa, a maior em seis meses, acendeu sinal de alerta para a inflação. A exceção no IGP-DI foram os preços na construção, que recuaram de 0,45% para 0,13% de julho para agosto.