Título: BC vai manter corte de juro, apesar da alta da inflação, dizem analistas
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2011, Economia, p. b1

O Banco Central (BC) deverá se dar por satisfeito se a inflação de 2012 ficar em torno de 5,5%, 1 ponto porcentual acima do centro da meta, de 4,5%. Só isso, na avaliação de analistas, justifica o Comitê de Política Monetária (Copom) ter reduzido a Selic em 0,5 ponto porcentual na quarta-feira, para 12% ao ano, num momento em que o Produto Interno Bruto (PIB) mostra descompasso pela estagnação da indústria e pela demanda interna aquecida, assim como pela inflação corrente e deterioração das expectativas inflacionárias.

Ontem foram divulgados o IPCA e o IGP-DI de agosto. O primeiro saltou de 0,16% em julho para 0,37% em agosto, enquanto o segundo saiu de uma queda de 0,05% para uma alta de 0,61%. Na segunda-feira, a pesquisa Focus reforçou a deterioração das expectativas de inflação, com o IPCA subindo de 6,31% para 6,38% no fechamento de 2011 e de 5,2% para 5,32% para 2012.

Em entrevista à Agência Estado, fontes do governo afirmaram que a alta da inflação em agosto já era esperada.

Para o economista do Royal Bank of Scotland (RBS), Marcelo Gazzano, o BC não deverá deixar de cortar juros por causa da alta da inflação em agosto nem por causa da deterioração das expectativas de inflação apontada pela Focus. No entanto, segundo ele, há limites para isso. Segundo ele, o Copom deverá promover mais dois cortes de juros até o fim do ano: um de 0,5 ponto porcentual em outubro e outro de 0,25 ponto em novembro.

No HSBC Bank Brasil, o economista Constatin Jancso trabalha projeções de 6,5% para o IPCA neste ano e de 5,7% para 2012. De acordo com ele, considerando o IPCA e o IGP-DI de agosto, o Copom deverá promover uma sequência de quatro cortes de 0,5 ponto porcentual da Selic.