Título: Obama anuncia hoje pacote pró-emprego
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/09/2011, Economia, p. B9

Presidente americano quer incentivar obras públicas para gerar novas vagas; taxa de desemprego nos Estados Unidos chega a 9,1%

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, usará hoje sua última bala de prata para estimular a economia do país, reduzir o desemprego e, consequentemente, assegurar sua reeleição em 2012.

Em sessão no Congresso, Obama tentará cativar a ala radical republicana com medidas como a concessão de US$ 300 bilhões em créditos tributários a setores produtivos, a prorrogação da alíquota reduzida do imposto sobre a folha de pagamentos e o financiamento de obras de infraestrutura por meio de cortes adicionais nos gastos públicos.

A expectativa é que as medidas fiscais sejam completadas por iniciativas de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). No próximo dia 21, o Fed decidirá sobre a adoção de uma terceira etapa de compra de títulos do Tesouro de longo prazo, desta vez com o pagamento em papéis de curto prazo.

Ontem, na publicação chamada de Livro Bege, que avalia a economia do país, o Fed ressaltou o ritmo lento da atividade entre meados de julho e o final de agosto. Em algumas regiões, além do setor imobiliário ainda fraco, a indústria desacelerou, e houve impactos do furacão Irene (ler mais abaixo).

Os EUA enfrentam uma taxa de desemprego de 9,1%, equivalente a 14 milhões de trabalhadores, mais um total de 2,6 milhões de pessoas à margem do mercado de trabalho. A proposta de Obama é considerada em Washington como mais propensa à aprovação, ao contrário do que ocorreu com seu plano de redução da dívida pública. Primeiro, porque a Casa Branca foi astuta ao incluir medidas já aprovadas pela oposição em ocasiões anteriores. Também pesa a pressão popular por uma atitude mais responsável do Congresso na área econômica.

Apoio. Os líderes republicanos na Câmara dos Deputados indicaram uma boa recepção às sugestões de Obama. Esta será a sexta vez que um presidente americano discursa em uma sessão conjunta do Senado e da Câmara desde 1990. Com a desaprovação de 60% dos americanos a seu desempenho na área econômica, segundo pesquisa de opinião do Washington Post e da ABC News, Obama depende do sucesso de seu plano para ser reeleito.

O plano de Obama estará centrado no conceito keynesiano de geração massiva de empregos por meio de obras públicas. A Casa Branca pretende criar um banco de infraestrutura para prover os recursos necessários, incentivar a participação privada nos projetos e aumentar os gastos orçamentários. O alvos serão escolas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, geração de energia e expansão da rede de internet. As obras são avaliadas como essenciais para aumentar a competitividade da economia.

Somada à extensão do prazo do seguro-desemprego, a prorrogação por mais um ano da redução de 6,2% para 4,2% na parcela do trabalhador da Previdência Social deverá custar US$ 170 milhões por ano aos cofres públicos. Obama pretende ampliar esse benefício fiscal também para a parcela das empresas sobre a folha de pagamentos, para contentar a oposição e incentivar novas contratações. Nas contas da Moody"s, a supressão dessa vantagem aos trabalhadores poderia custar 0,5 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Mercados. Os principais índices acionários dos EUA interromperam uma sequência de três sessões de queda e fecharam em forte alta ontem, acompanhando as bolsas europeias e também impulsionados pelo otimismo em relação ao plano de empregos de Obama.

O Dow Jones subiu 2,47%, Nasdaq, 3,04% e o S&P 500, 2,86%. No fim da tarde em Nova York, o euro era cotado em US$ 1,4098, de US$ 1,4001 na terça-feira. No mercado de petróleo, os contratos futuros atingiram o nível mais alto em mais de um mês. O contrato para outubro subiu 3,9%, para US$ 83,34 por barril./COM DOW JONES NEWSWIRES