Título: Venda de imóveis cai 31% em São Paulo
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2011, Economia, p. B1

De janeiro a junho deste ano foram vendidos 11.680 imóveis residenciais novos na cidade, o menor número para o período desde 2005

Depois dos fortes resultados apresentados nos últimos anos, o mercado de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo deu uma freada no primeiro semestre deste ano. De janeiro a junho, foram vendidos 11.680 imóveis. É um volume 31,3% abaixo do comercializado no mesmo período de 2010 (17.005) e o menor número de unidades para o período desde 2005, aponta a pesquisa do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP).

A expectativa para o ano também é de retração, porém menos acentuada. Até dezembro, a entidade calcula que serão vendidos 32 mil imóveis, 2 mil a menos do que a média histórica registrada entre 2006 e 2010, e um volume 9% menor em relação a 2010, quando foram comercializadas 36 mil unidades.

"O mercado voltou ao patamar normal", diz o presidente do Secovi-SP, João Crestana, ao comentar o recuo nas vendas. Ele aponta três fatores que contribuíram para a retração.

O primeiro deles foi uma antecipação de venda de imóveis ocorrida no ano passado, quando a população, especialmente a nova classe média, se viu com disponibilidade de crédito e segurança no emprego para adquirir pela primeira vez a casa própria. Segundo Crestana, esse movimento inflou a base de comparação. "Vendeu-se muito no ano passado e isso esvaziou o mercado neste primeiro semestre."

O segundo fator apontado por ele para o recuo de vendas neste ano na comparação com o anterior, foi a morosidade do programa do habitacional do governo Minha Casa Minha Vida 2, o que afetou o ritmo das vendas de imóveis populares neste ano.

Por último, o avanço da inflação na virada do ano deixou os brasileiros com pé atrás na hora de assumir dívidas de longo prazo, como é a da compra de um imóvel. "As famílias estão pensando um pouco mais na hora de comprar a casa própria", diz Crestana.

No fim do ano passado, as construtoras chegavam a vender um prédio de apartamento em um mês, muitas vezes em uma semana, o que é considerado totalmente irracional por se tratar de um produto de alto valor, observa o presidente do Secovi-SP. Agora, diz ele, o ritmo de vendas voltou para níveis tidos como normais, isto é, oscilando entre seis e sete meses.

Lançamentos. Também as construtoras pisaram no freio dos lançamentos. De janeiro a junho, foram lançados na cidade de São Paulo 13.992 imóveis residenciais, um volume apenas 3% maior em relação a igual período do ano anterior. No primeiro semestre de 2010, o total de unidades lançadas foi de 13.581, com crescimento de 66,6% em relação aos lançamentos feitos entre janeiro e junho de 2009. Apesar do recuo registrado até agora, o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, calcula que este ano termine com 38 mil lançamentos, o mesmo volume atingido em 2010.