Título: Fed avaliou ações mais fortes na última reunião
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2011, Economia, p. B8

Ata do BC americano mostra que foi discutida a adoção de ferramentas, algumas não ortodoxas, para recuperar a combalida economia do país

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), presidido por Ben Bernanke, considerou uma série de ações para ajudar a fraca economia americana durante sua reunião em agosto, incluindo uma medida sem precedentes de vincular a política monetária a uma taxa específica de desemprego ou inflação.

Antes de decidir pela promessa de manter o juro perto de zero até 2013, uma decisão que teve três dissidentes, as autoridades do Fed notaram que as perspectivas econômicas do país pioraram significativamente, argumentando que a fraqueza econômica do primeiro semestre não podia mais ser avaliada como resultante apenas de fatores temporários.

"Os membros notaram uma deterioração nas condições do mercado de trabalho, menor gasto do consumidor, queda na confiança do consumidor e do empresário, e contínua fraqueza no setor imobiliário", disse a ata da reunião do dia 9.

A economia americana patinou nos seis primeiros meses de 2011, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo menos de 1% a uma taxa anualizada e o índice de desemprego permanece travado acima de 9%.

No encontro deste mês, o Fed discutiu um conjunto de ferramentas para um afrouxamento adicional da política monetária, incluindo reforçar a compra de ativos ou modificar a composição de títulos do portfólio do banco central em direção a papéis de vencimento mais longo.

Ainda por causa da perspectiva de uma recuperação lenta e de uma política fiscal mais apertada, as autoridades do Fed discutiram modos não ortodoxos pelos quais poderiam impulsionar a recuperação.

"Ao escolherem mencionar a perspectiva para a política em termos de um horizonte de tempo, os membros também consideraram condicionar a perspectiva para o nível da taxa de juros a valores numéricos explícitos para a taxa de desemprego ou de inflação", afirmou a ata.

Próxima reunião. Na sexta-feira, durante encontro de presidentes dos bancos centrais, em Jackson Hole, Bernanke anunciou que a próxima reunião do Fomc, em setembro, será em dois dias (20 e 21) e não em apenas um. Para o economista-chefe da consultoria MFR, Joshua Shapiro, esse é um sinal de que até lá, o BC americano não deve anunciar nenhuma medida.

"O Fed quer ter mais tempo para discutir o potencial de futuras ações. Mas também ficou ainda mais claro (na ata) que há pouco consenso no Fomc sobre se essas ações devem ser adotadas", disse. "O fato é que ao mesmo tempo em que a reunião de setembro deve trazer alguma medida, é pouco provável que seja algo que mude o jogo e, provavelmente, encontrará alguma dissidência no comitê."

Os principais índices do mercado de ações dos EUA subiram depois da divulgação da ata. Em Nova York, Dow Jones subiu 0,17%; Nasdaq, 0,55%; e S&P 500, ganhou 0,23%.

Dados divulgados mais cedo preocuparam os investidores. o índice de confiança do consumidor despencou para 44,5 em agosto, de 59,2 em julho. Resultado mais fraco desde abril de 2009. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIE E LUCIANA ANTONELLO XAVIER

PRINCIPAIS PONTOS DA ATA

Avaliação As autoridades do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Federal Reserve (Fomc) notaram a deterioração significativa das perspectivas econômicas do país: piora no mercado de trabalho, menor gasto do consumidor, queda da confiança e persistente fraqueza do mercado imobiliário

Ferramentas Diante desse quadro, as autoridades do Fomc discutiram um conjunto de ferramentas para um afrouxamento adicional da política monetária. Entre elas, a compra de ativos ou modificação da composição dos portfólios do banco central em direção a papéis com vencimento mais longo. Algumas das autoridades, questionaram se esses passos conseguiriam dar suporte ao crescimento da economia

Polêmica Foi até mesmo cogitada a ideia de se adotar uma medida que vinculasse a política monetária a uma taxa específica de desemprego ou de inflação. Houve dúvida se medidas não ortodoxas fariam muito para impulsionar uma recuperação

Ação efetiva Manter os juros entre zero e 0,25% até 2013 foi a única medida concreta adotada