Título: Drogarias São Paulo e Pacheco anunciam fusão e preparam IPO
Autor: Oscar, Naiana ; Luz, Cátia
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2011, Negócios, p. B14

Empresa criada com a união dos dois grupos tem receita de R$ 4,4 bilhões e acirra a disputa pela liderança no setor no País: no início do mês, a Droga Raia e a Drogasil já haviam unido suas operações, criando uma rede com 700 farmácias

Menos de um mês após a Drogasil e a Droga Raia unirem suas operações, criando uma gigante no setor de drogarias, o mercado volta a se movimentar. As drogarias Pacheco e São Paulo anunciaram ontem a fusão de suas operações, criando um rede com receita de R$ 4,4 bilhões e 691 lojas. Essa é a sexta operação de consolidação no setor desde o ano passado.

"O que estamos vendo é uma verdadeira dança das cadeiras, como nunca houve antes nesse mercado", disse Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). "Agora, temos grandes companhias emboladas nos primeiros lugares, que vão continuar promovendo uma verdadeira guerra pela liderança."

O negócio - que havia sido antecipado na semana passada na coluna de Sônia Racy - foi concluído ontem e visto no mercado como uma resposta da Drogaria São Paulo à fusão entre Droga Raia e Drogasil, que criou uma empresa de R$ 4,1 bilhões e 700 lojas, em nove Estados brasileiros. Ronaldo Carvalho, controlador da Drogaria São Paulo, diz, porém, que as coisas não têm relação. "Estamos negociando desde setembro do ano passado, mas só conseguimos concluir agora." As concorrentes foram mais rápidas e fecharam o negócio em menos de dois meses. As duas novas redes ficaram com porte parecido e devem travar batalha acirrada pela liderança no setor.

Controle. A família Barata, dona da rede Pacheco, terá participação majoritária na nova empresa, de 51%. Embora tenha registrado um faturamento inferior ao do sócio paulista - R$ 1,8 bilhão, contra R$ 2,2 bilhões no ano passado -, a rede fundada no Rio de Janeiro era a que tinha os melhores resultados, segundo fontes próximas à operação. Além de ser mais lucrativa, a líder no mercado fluminense estava praticamente zerada em dívidas - ao contrário da Drogaria São Paulo, que no ano passado teve de se endividar para adquirir a rede Drogão.

Enquanto não diluem a participação acionária com uma abertura de capital - plano de ambos os sócios para os próximos dois anos -, o controle da nova empresa será compartilhado. Samuel Barata, fundador da Drogarias Pacheco, presidirá o conselho de administração e Gilberto Martins Ferreira, diretor executivo da Drogaria São Paulo, continuará exercendo o mesmo cargo na nova empresa. Ferreira veio da Farmax, adquirida pela Drogaria São Paulo em 2002.

"Agora, vamos nos concentrar na integração das redes e no crescimento orgânico, com foco na abertura de capital", disse Ronaldo Carvalho. Segundo ele, as duas marcas serão mantidas porque são líderes nos mercados em que atuam. "Nós somos fortes em São Paulo e eles no Rio. Estamos juntos em Minas, mas em regiões diferentes", explica o empresário. Juntas, as empresas terão presença em cinco Estados.

Assédio. No início do ano passado, a rede Pacheco era a quinta maior empresa do setor em faturamento e a mais assediada entre as redes regionais. Sua liderança no Rio praticamente blindava a entrada dos concorrentes - o que fez com que eles passassem a considerar fortemente a hipótese de se associar a ela. O BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, também chegou a se interessar pelo negócio.

Desde o ano passado, a Brazil Pharma, do BTG, adquiriu quatro redes regionais, mas ficou sem as "mais interessantes". Com as duas maiores redes do setor concentradas em complexos processos de integração, analistas acreditam que tenha chegado a vez de André Esteves. "Ele terá uma janela para continuar sua estratégia de consolidação fora dos mercados do Rio e de São Paulo", disse um analista.

Entre as mais de 65 mil farmácias existentes no Brasil, num setor ainda extremamente pulverizado, duas redes passam a atrair a atenção dos concorrentes: a Panvel, do Rio Grande do Sul, e a Araújo, de Minas Gerais. "Esse movimento vai causar um incômodo no setor e com certeza teremos novas operações pela frente", diz Barreto, da Abrafarma.