Título: Inadimplência é a menor para os meses de agosto em 3 anos
Autor: Silva Júnior, Altamiro ; Friedlander, David
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2011, Economia, p. B3

Levantamento da Fecomércio-RJ em nove regiões metropolitanas do País mostra nível de endividamento de 19,5%

A inadimplência do consumidor brasileiro caiu para 19,6% em agosto, segundo dados da Fecomércio-RJ. O nível de endividamento foi menor do que o de agosto de 2010 (25,4%) e agosto de 2009 (21,8%), ano em que foi iniciada a pesquisa. O levantamento, que abrange nove regiões metropolitanas do País, revelou também aumento na preferência pelo pagamento com cartões de crédito, em detrimento de carnê.

Houve ainda avanço no número de consumidores que notaram mais dinheiro sobrando em agosto e quase a metade deles planeja poupar esta folga no orçamento. De acordo com a amostragem, feita em 1.000 domicílios, o porcentual de endividados no total de entrevistados permaneceu estável de 2010 para 2011, em 42,1%.

A fatia também permaneceu inferior à de agosto de 2009 (44,8%, época da crise global, quando isenções tarifárias e medidas de incentivo ao consumo estavam em alta.

O porcentual de inadimplentes superou ligeiramente o apurado em julho deste ano (19,5%), mas para evitar efeitos sazonais, a melhor comparação é sempre com iguais meses de anos anteriores, segundo o economista da Fecomércio-RJ, Paulo Padilha. Ao mesmo tempo, subiu o número de consumidores com as contas em dia: passou de 73,8% em agosto de 2010 para 80,3% em agosto deste ano.

Padilha citou a renda do trabalhador como um dos principais motivos para o bom cenário apontado pela análise. Quase um terço dos entrevistados (27,2%) informaram em agosto que vai sobrar dinheiro após pagamento de todas as despesas; 23,3% deles informaram que vão poupar a sobra.

Os dados da Fecomércio-RJ mostram trajetória similar ao do Indicador Serasa Experian de Perspectiva da Inadimplência do Consumidor, que subiu 0,3% em junho de 2011, a menor variação dos últimos 11 meses.

Estabilização. Para a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, a expectativa é de que a inadimplência se estabilize. Isso porque o mercado de trabalho não apresenta sinais de deterioração. "Mesmo que o governo não atinja esta meta de três milhões de empregos formais para este ano, isso não indica sinal negativo" disse, lembrando que o emprego já opera, desde o ano passado, em patamares elevados.

O porcentual de endividados que optam por pagar com cartão de crédito subiu de 27,5% em agosto de 2010 para 28,1% em agosto de 2011. No mesmo período, caiu de 57,3% para 54,8% a preferência por carnês. As famílias de baixa renda são as que mais impulsionam este avanço.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) tem notado desde 2009 o avanço das classes C, D e E no uso de cartão e realiza campanhas de esclarecimento para este novo consumidor.

Para o presidente da Abecs, Claudio Yamaguti, a utilização do cartão só tende a crescer no Brasil. "Em 2010, o faturamento da indústria de cartões, crédito, débito e lojas, foi de R$ 541 bilhões. Estimamos chegar a R$ 1,3 trilhão em 2015", disse. Para 2011, a projeção é que a indústria como um todo atinja R$ 667 bilhões - um avanço de 23% em relação ao passado.