Título: Variação dos preços administrados vai perder força em 2012
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2011, Economia, p. B1

Eleição municipal do ano que vem e menor alta dos IGPs acumulada neste ano devem enfraquecer reajustes das tarifas

Ao contrário dos serviços e dos alimentos, os preços administrados vão contribuir para segurar a inflação no ano que vem. As eleições municipais marcadas para 2012 e variações menores acumuladas neste ano dos Índices Gerais de Preço (IGPs), que indexam vários preços administrados, podem ajudar a colocar água na fervura da inflação.

Mesmo assim, serão insuficientes para trazer o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o centro da meta em 2012, dizem economistas.

Nas contas do economista da Tendências Consultoria Integrada, Thiago Curado, os preços administrados devem desacelerar em 2012. Para um IPCA estimado em 6% para o ano que vem, ele projeta que os preços administrados irão aumentar 4,5%. Apesar de ser um porcentual significativo, é muito inferior ao aumento verificado neste ano.

Para 2011, Curado calcula que a variação dos administrados será equivalente à inflação geral. Isto é, para um IPCA estimado em 6,6%, o economista projeta que os preços administrados vão subir 6,36%.

O economista da LCA Consultores, Fábio Romão, é outro que acredita na perda de fôlego dos preços administrados em 2012. Ele calcula que os preços administrados vão subir 4,2% no ano que vem, para um aumento de 5,1% no IPCA.

Nas contas do economista, os preços administrados vão ter uma desaceleração de quase 2 pontos porcentuais de 2011 para 2012. Para este ano, ele prevê um aumento de 6,3% dos preços administrados, a mesma variação esperada para o IPCA.

"As eleições municipais marcadas para 2012 serão um fator inibidor para o aumentos das tarifas, especialmente de ônibus urbanos", observa Romão.

IGPs. Não é apenas a questão eleitoral que deve conter a alta dos administrados em 2012. Do ponto de vista estatístico, o menor impacto dos IGPs acumulados em 2011 deve tirar o fôlego dos preços administrados em 2012.O IGP-DI de agosto, calculado pela FGV, subiu 0,61%, depois de dois meses seguidos de deflação. Em 12 meses até agosto, o indicador está em 7,82%.

Na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, apesar da reversão em agosto, não há possibilidade até dezembro de se repetir o ocorrido no mesmo período de 2010, quando as variações mensais superaram 1%. Por isso, ele diz que a tendência é de queda da taxa em 12 meses, que será o parâmetro para o reajuste dos administrados em 2012. Em 2010, o IGP-DI subiu 11,3%.