Título: Criação de empregos formais cai 36% em agosto
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2011, Economia, p. B4

Apesar de reagir após três meses de desaceleração, abertura de 190,4 mil vagas com carteira assinada é o pior resultado para o mês nos últimos três anos

Após três meses de desaceleração, o mercado de trabalho brasileiro ganhou fôlego em agosto ao abrir 190,4 mil vagas com carteira assinada, 49.883 a mais que em julho. O novo ímpeto, esperado nessa época do ano, se deve aos preparativos da indústria e comércio para as festas de fim de ano.

Mesmo assim, este foi o pior agosto dos últimos três anos. Em 2010, houve 299,4 mil contratações a mais do que demissões nesse mês, ou seja, houve queda de 36% de um ano para o outro.

Os dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho reforçam a tendência de esfriamento dos últimos três meses. Tanto que até o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, já fala agora que o saldo de empregos a ser gerado em 2011 ficará no intervalo de 2,7 milhões e 3 milhões.

"Será um pouquinho menos que os 3 milhões que eu previa", admitiu ontem, ainda um pouco relutante. A projeção do ministro leva em conta as vagas formais, que são os empregos no âmbito da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os servidores públicos.

Para a equipe de analistas do Banco Fator, os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo ministério mostraram, mais uma vez, diversos sinais de desaceleração.

O primeiro foi o fato de o resultado ter ficado abaixo das previsões do mercado - pesquisa feita pelo AE Projeções detectou estimativa de 200 mil novas vagas. O segundo é que, sem os efeitos sazonais, o resultado de agosto também foi inferior ao de julho.

Além disso, o saldo líquido de vagas no acumulado em 12 meses também diminuiu de julho para o mês passado.

"Das oito divulgações sobre gerações de postos de trabalho durante 2011, em apenas duas o dado foi maior que o visto no mesmo mês do ano anterior", citaram os economistas em relatório a clientes.

Metrópoles. Uma clara mudança no perfil na criação dos postos foi a retomada dos centros urbanos na abertura de novos empregos. Nos últimos meses, a agropecuária apresentava saldos mais robustos, mas, com o fim das safras, os postos no campo minguaram. Ao mesmo tempo, com a indústria acumulando estoques para o fim do ano, as grandes cidades voltaram a ser destaque.

Nos nove Estados pesquisados com mais detalhes pelo ministério, as regiões metropolitanas criaram 79,6 mil vagas líquidas em agosto, ante 52,8 mil no interior. Enquanto o setor de serviços abriu 94,4 mil postos no período, o comércio criou 44,3 mil vagas e a indústria, 35,9 mil. A construção civil também chamou a atenção pelo saldo de 31,6 mil empregos novos. Já a agricultura suprimiu 19,5 mil trabalhadores em agosto.

Para Lupi, a indústria será destaque nos próximos meses. Segundo ele, o principal segmento será a indústria de alimentos, seguida pelos segmentos de mecânica, química e de calçados. "Mas, em números absolutos, é o comércio quem mais puxará." Já a agricultura, de acordo com o ministro, deve seguir com saldo negativo até o fim do ano.