Título: Varejo aposta nos eletrônicos contra crise
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2011, Economia, p. B3

Vendas de fim de ano devem ser impulsionadas por produtos mais caros, como as TVs de tela fina e 3D, que prometem ser as estrelas do Natal.

Apesar de estarem adiando as encomendas e admitirem que as vendas esfriaram, as grandes redes varejistas oficialmente ainda apostam em perspectivas favoráveis para o fim de ano. O principal motor deve ser a venda de eletroeletrônicos, impulsionada pelo emprego em níveis elevados e pelos reajustes salariais acima da inflação neste semestre.

As redes varejistas estão dispostas a atingir as metas de vendas mesmo que o mercado não tenha crescimento significativo. "Aposto num fim de ano forte", diz Roberto Fulcherberguer, vice-presidente comercial da Globex, que reúne a Casas Bahia e o Ponto Frio.

Ele não revela a meta de crescimento de vendas para o Natal nem quanto vai ampliar as encomendas, mas destaca que ela será cumprida, mesmo que o mercado não cresça na mesma proporção. Isso significa que a empresa considera nessa meta ganhos de fatias de mercado da concorrência. "Estamos iniciando as conversas com a indústria para fazer as encomendas", conta.

"Ainda não fiz as encomendas", diz o supervisor-geral da Lojas Cem, José Domingos Alves. Ele projeta crescimento de 20% nas vendas de Natal em relação à mesma data de 2010. Segundo o executivo, o cenário de vendas só vai mudar se houver desemprego no País. "Os reajustes salariais vão sustentar o consumo", acredita o executivo. Outro fator apontado por ele para que as vendas aumentem neste Natal é a estabilidade de preços dos bens duráveis.

Thiago Baisch, diretor de vendas da Lojas Colombo, projeta alta de 10% nas vendas de Natal. "Esse é o ritmo que temos observado até agosto", conta o executivo. Entre os destaques de produtos para o Natal, ele aponta os televisores de LED e 3D, de todas as polegadas, e também as TVs de LCD acima de 42 polegadas, tablets e os smartphones. Como esses produtos são de maior valor unitário, ele prevê um acréscimo na receita média de vendas.

Indústria. "Houve desaceleração, mas o cenário é favorável para o Natal por causa do aumento do emprego, da renda, dos dissídios salariais e, agora, o juro menor", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.

Nas contas do executivo, a linha de áudio e vídeo deve ter a maior taxa de crescimento de vendas entre as demais linhas, isto é, os eletrodomésticos da linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e os eletroportáteis.

Segundo Kiçula, o faturamento dos eletrônicos será impulsionado por produtos mais caros: as TVs de tela fina e 3D, uma das estrelas do Natal. A expectativa é de alta de 15% a 18% nos volumes a serem vendidos. Já a expectativa para a linha branca é de crescimento de 5% a 7% e nos eletroportáteis, de 10%.

José Fuentes Molinero, vice-presidente de eletrônicos de consumo da Samsung, acha que as vendas da empresa vão crescer de 10% a 15% entre setembro e dezembro em relação a 2010, puxadas pelos tablets. A LG espera acréscimo de 40% nas vendas de TVs em geral entre setembro e dezembro, segundo o diretor de áudio e vídeo , Roberto Barboza.

Apesar do otimismo, as duas companhias coreanas não planejam contratações de trabalhadores temporários para atender as encomendas do Natal. Na sexta-feira, por exemplo, a LG iniciou programa de demissão voluntária na fábrica de celulares em Taubaté (SP). Essa foi a saída encontrada pela empresa para ajustar a produção à demanda menor, depois de ter dado 10 dias de férias coletivas.

Com o real valorizado e a sinalização de forte crescimento do consumo no primeiro trimestre, as indústrias e varejo que trabalham com itens importados ampliaram significativamente as compras.

A Sertrading, por exemplo, um das gigantes do comércio exterior, ampliou em 30% as compras de importados para este Natal na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o diretor comercial, Luciano Sapata.

Expectativa

LOURIVAL KIÇULA PRESIDENTE DA ELETROS

"Houve desaceleração, mas o cenário é favorável para o Natal por causa do aumento do emprego e da renda"

"O faturamento dos eletrônicos será impulsionado por produtos mais caros"