Título: Empresas de entregas já substituem Correios
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2011, Economia, p. B6

Companhias privadas garantem estar preparadas para aumento nas encomendas; funcionários da estatal reavaliam greve na segunda-feira

A greve dos Correios deve continuar até, pelo menos, a próxima segunda-feira, quando serão realizadas as assembleias dos funcionários da estatal, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios. A paralisação, porém, só termina se a empresa negociar a reivindicação dos trabalhadores - piso salarial de 3,5 mínimos ou aumento real de R$ 400, entre outros benefícios. Já os Correios afirmam que só iniciam a negociação se os serviços forem retomados.

Enquanto isso, empresas privadas de entrega reforçam suas equipes e garantem que estão preparadas para receber um aumento significativo nas encomendas por causa da greve da estatal. "Durante a última paralisação dos Correios, ocorrida em setembro de 2009, a DHL Express registrou aumento de 14% no envio de remessas expressas, incluindo operações domésticas e internacionais", informou a companhia por meio de nota.

Segundo o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, 32% dos 109 mil empregados aderiram ao movimento, o que vai provocar um crescente atraso na entrega de correspondências. Ele insistiu que, enquanto durar a greve, a negociação ficará suspensa e os dias parados serão descontados. Dos 35 milhões de objetos (cartas, encomendas, telegramas) entregues diariamente pelos Correios, cerca de 5,3 milhões não chegaram ao destino na quarta-feira, primeiro dia de greve.

Os três serviços de entrega rápida suspensos na quarta-feira representam, juntos, 40 mil objetos por dia - ou 0,11% do total. Em alguns Estados, as agências também providenciaram a contratação de funcionários terceirizados para que as equipes não fiquem tão desfalcadas.

Caixa vazia. Nathan Souto completou 18 anos há três meses. "No dia do meu aniversário eu me matriculei na autoescola. Sempre quis dirigir." O rapaz fez as aulas teóricas e práticas e cumpriu as provas exigidas pelo Detran. "Passei de primeira", comemorou. Para não ter o trabalho de buscar a carta de motorista na sede do Detran, Souto optou por pagar uma taxa e recebê-la pelo Correio. "Deveria ter chegado ontem. Mas, até agora nada", comentou, visivelmente chateado.

Embora não seja suficiente para acalmar a ansiedade do rapaz, o site do Detran esclarece que "em função da greve nacional dos Correios, poderá haver atraso na entrega de documentos solicitados". Na rede social Twitter, também é possível encontrar centenas de depoimentos de pessoas insatisfeitas ou ansiosas pelo recebimento de correspondências.

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