Título: Movimento é de ajuste consistente, diz Augustin
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2011, Economia, p. B1

Para secretário do Tesouro, alta do dólar não é volatilidade, mas evolução do ritmo da taxa de câmbio

O governo avalia que a taxa de câmbio brasileira passa neste momento por um movimento de ajuste consistente. Em entrevista ao Estado, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou que a alta do dólar ante o real, verificada ao longo de setembro, não é volatilidade, mas uma evolução do ritmo da taxa de cambio na direção que o governo considera positiva para a economia brasileira.

A decisão do Banco Central (BC) de cortar em 0,5 ponto porcentual a selic de 12,5% para 12% em agosto, avaliou o secretário. Outros dois fatores influenciam a tendência de desvalorização do real: o cenário das medidas que o governo adotou nos últimos meses para segurar a valorização excessiva do real, como a cobrança de 1% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações com derivados cambiais no mercado futuro.

"O câmbio sobe e desce rapidamente quando é estritamente volatilidade. Não é isso que está acontecendo. Agora o câmbio teve uma direção e fez um ajuste", disse Augustin, que não esconde a satisfação do governo com a desvalorização do real.

A tendência a partir de agora, disse ele, é que ocorra uma melhora das condições para o aumento das exportações brasileiras e do desempenho industrial. "Como é uma variável que consideramos melhorou, fica menos tenso. Mas não dá para relaxar. É que nem com o superávit primário. Mas não deixamos de nos preocupar." Segundo Augustin, o governo não quer nem valorização nem volatilidade excessivas.

Fiscal. Augustin disse que não há necessidade de uma ação extraordinária do governo para alcançar a meta de superávit primário (Economia de recursos) em 2012. O secretário disse que a proposta de Orçamento estabelece previsão de receitas "adequada" e o governo não vê nenhuma dificuldade maior para o cumprimento da meta cheia de superávit primário, sem os abatimentos de investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Quando dizem que as emendas dos parlamentares terão de ser cortadas, eu digo que nem votaram ainda o projeto. Não fizeram emendas e já estão imaginando quem vai cortar".

Augustin ressaltou que o governo tem acertado nas previsões de receitas e tem mais dados à disposição que os analistas de mercado. "A receita não tem dado muito diferente do que temos projetado. Quando fazemos uma projeção, temos informação. Sabemos mais que o mercado". Segundo ele os analistas precisam avaliar melhor o histórico das contas fiscais.

Não é volatilidade

Arno Augustin

Secretário do Tesouro

"O câmbio sobe e desce rapidamente quando é volatilidade. Não é isso que está acontecendo. Agora o câmbio teve direção e fez um ajuste"