Título: Seleção avalia potencial do estudante e não conteúdo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2011, Vida, p. A16

Processo seletivo da Escola Germinare tem quatro etapas e inclui o Teste de Raven, avaliação cognitiva que mede inteligência

Como medir o potencial de um aluno e não só o conteúdo? Afinal, o que a criança já sabe pode ser muito mais reflexo do grau de escolaridade e da condição social dos pais do que dos seus próprios méritos. Para lidar com essa questão, a Germinare montou um processo com quatro etapas, no qual o conhecimento de disciplinas tradicionais é só um dos componentes.

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Os candidatos a uma vaga na escola farão em 22 de outubro um exame com 20 questões de matemática e outras 20 de português, além de uma avaliação cognitiva, o Teste de Raven. Os aprovados nessa etapa passam para a fase seguinte, que inclui a redação de um minicurrículo, entrevistas e dinâmicas de grupo.

Criado pelo britânico John Raven, o teste usado pela Germinare mede a inteligência, como o de QI. E se baseia apenas em referências visuais. Uma questão típica pede, por exemplo, ao candidato que aponte, entre seis figuras, a que completa o pedaço que falta num tapete com um determinado padrão geométrico.

"A capacidade dedutiva é um dos componentes do que chamamos de Fator Geral de Inteligência", explica a psicóloga Walquiria Fonseca Duarte, professora da Universidade de São Paulo (USP) e consultora da escola.

"Com o Raven, conseguimos avaliar a capacidade do candidato de extrair informações e interagir com o conhecimento apresentado a ele naquele momento. A literatura científica mostra que há uma forte correlação entre o desempenho no teste e o rendimento escolar."

O que o Raven não mede são aspectos emocionais, avaliação feita nas outras etapas do processo da Germinare. "Nas dinâmicas e entrevistas avaliamos a capacidade da criança de falar de si mesma, ouvir o outro e trabalhar em grupo."

Perfil. A diretora pedagógica da Germinare, Myriam Tricate, acredita que o processo abrangente permite à escola selecionar alunos com perfil parecido, que independe da origem social. "Nossos professores vêm de escolas de elite e adoram dar aula aqui, pois os alunos são muito motivados", diz Myryam, que alia o trabalho na Germinare com a direção geral do Magno, escola de classe média alta da zona sul.

Já Walquiria dá aulas na USP e também coordena o curso de Psicologia da Universidade de Santo Amaro (Unisa). Na primeira, convive com ex-alunos das melhores escolas particulares. Na segunda, com estudantes saídos, em grande parte, de escolas públicas. Para ela, a experiência reforçou nela a convicção da importância de avaliar potencial, mais do que conhecimento acumulado. "Tenho casos de alunos da Unisa que depois fizeram doutorado e hoje são meus colegas na USP."

Inscrições estão abertas até sexta

As inscrições para o processo seletivo da Germinare estão abertas até esta sexta-feira e devem ser feitas na própria escola. Podem concorrer às 90 vagas alunos que cursarão, em 2012, o 6º ano do ensino fundamental.