Título: Recuperação da poupança e financiamento imobiliário
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2011, Economia, p. B2

Os depósitos de poupança apresentaram recuperação entre junho e agosto, depois da forte queda ocorrida entre janeiro e maio de 2011. Trata-se de um indicador importante para o crédito imobiliário, que depende desses recursos para conceder empréstimos aos construtores e mutuários finais.

A captação líquida das cadernetas, em agosto, foi de R$ 2,2 bilhões, dos quais R$ 1,3 bilhão referente à poupança rural do Banco do Brasil - cuja destinação não é o crédito imobiliário - e R$ 0,9 bilhão, à poupança habitacional, para o financiamento da casa própria pelos agentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), inclusive a Caixa Econômica Federal (CEF).

Entre janeiro e junho, a captação da poupança no SBPE foi negativa em R$ 173 milhões, mas cresceu R$ 4,1 bilhões, em julho, atingindo R$ 5 bilhões no ano, até agosto. Trata-se, por ora, de uma recuperação modesta, comparada à do mesmo período do ano passado, quando a captação líquida das cadernetas foi positiva em todos os meses, atingindo R$ 15,3 bilhões até agosto.

Não obstante o crescimento mais lento das cadernetas, os empréstimos habitacionais no âmbito do SBPE continuam em elevação, pois os bancos dispõem de recursos prévios, além dos retornos dos empréstimos contratados. Nos primeiros sete meses do ano, os volumes aplicados superaram R$ 43 bilhões, mais 50% em relação ao mesmo período de 2010, enquanto o número de unidades financiadas passou de 227 mil para 275 mil, alta superior a 21%.

Os depósitos de poupança perderam competitividade, neste ano, em decorrência do aumento da taxa básica de juros, que elevou a remuneração dos fundos DI e de renda fixa. A recuperação de julho teve caráter sazonal, pois muitos trabalhadores saem de férias e recebem metade do 13.º salário. O dinheiro, frequentemente, é deixado em contas de poupança. Neste semestre, a captação da poupança tende a melhorar, pois o juro básico caiu, na última reunião do Copom, de 12,5% ao ano para 12% ao ano - e muitos analistas preveem novas reduções até dezembro.

O ponto mais importante é que a recuperação dos depósitos de poupança tem muito que ver com a renda dos trabalhadores, notando-se que também cresceu a captação dos fundos, atingindo R$ 7,9 bilhões, um recorde para o ano. O aumento da captação, em geral, indica que há renda disponível que pode ser separada para o futuro - e que os tomadores não sofrerão com a falta de crédito para a produção e a aquisição de bens.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 10/09/2011 01:07