Título: Plano terá impacto positivo nos EUA
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2011, Economia, p. B4

Até economistas críticos do novo programa de Obama reconhecem que poderá amenizar a crise, mas não se espera forte redução do desemprego

Pablo Martinez Monsivais/APVale-tudo. Obama discursa em Richmond e pede pressão sobre os parlamentares por telefone, fax, e-mail, twitter, Facebook... O sucesso das medidas econômicas anunciadas na noite de quinta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não garantirá a redução da taxa de desemprego no próximo ano e, consequentemente, tampouco trará um ambiente mais favorável para sua reeleição em novembro de 2012. Porém, os impactos positivos das medidas na quase estagnada economia americana são reconhecidos até por economistas críticos ao plano.

A assessoria econômica do senador John McCain, rival republicano de Obama em 2008, estima a redução de 2 pontos porcentuais na taxa de desemprego até setembro de 2012 e a geração de 2,9 milhões de postos de trabalho, caso as medidas sejam aprovadas pelo Congresso. David Madland, diretor do Projeto Trabalhador Americano do Center for American Progress, pondera que a geração de empregos nem sempre reduz a taxa de desemprego, atualmente em 9,1%.

Conforme explicou, na medida em que a economia for crescendo em ritmo mais acelerado, em razão dos novos estímulos, mais pessoas hoje à margem do mercado de trabalho voltarão a buscar emprego. Com isso, a taxa pode não cair substancialmente. Um ambiente bom para a reeleição de Obama exigiria 4% a 5% de desemprego. Atualmente, além dos 14 milhões sem ocupação, outros 2,6 milhões desistiram de procurar trabalho.

Para Madland, o pacote chegou ao limite do que a oposição pode aceitar em aumento de gastos públicos, para facilitar sua aprovação. Mas foi ao ponto certo. Concentrou-se na preservação do emprego de professores, no estímulo às empresas que contratarem desempregados por mais de seis meses, no aumento da renda e na continuidade do pagamento do seguro-desemprego. "A questão mais importante para mover a economia é a elevação da renda, para estimular o consumo. Esse ponto foi contemplado."

O economista Edward Alden não viu o plano de Obama com os mesmos bons olhos de Madland. Para ele, o presidente "perdeu a oportunidade", no discurso, de vincular o problema do emprego à sua real causa - a perda de competitividade dos EUA. O desafio de reverter esse quadro exigiria medidas de longo e médio prazos, não incluídas no pacote, com exceção dos investimentos de infraestrutura. A abertura comercial, em favor especialmente das exportações de serviços dos EUA, "mal mereceu uma linha de seu discurso". "O presidente tem de ensinar o país que não há solução rápida para a crise no mercado de trabalho."

Pombo-correio. O pacote econômico deverá ser encaminhado na segunda-feira ao Congresso. Há ainda incerteza sobre a boa vontade dos republicanos, sobretudo os radicais do Tea Party, em aprová-lo. Pouco depois do anúncio, Obama iniciou uma espécie de força-tarefa para reunir apoios explícitos e instigar os cidadãos a pressionar o Congresso. A Casa Branca enviou à imprensa as manifestações positivas de 31 políticos, 8 empresas e 12 organizações empresariais e sindicais. O economista Peter Peterson, da Peterson Foundation, elogiou o fato de Obama ter previsto no seu plano uma redução adicional de US$ 1,5 trilhão na dívida pública.

Por um e-mail pessoal, assinado como "Barack", o presidente explicou a milhões de americanos - chamados pelo próprio nome - que a "batalha pela criação de empregos não começa nem termina" no seu discurso. "Nos próximos dias e semanas, dependerá de você pressionar o Congresso a agir - ou responsabilizá-lo, se ele não fizer nada."

Ontem, na Universidade de Richmond, na Virgínia, Obama foi mais incisivo. "Quero que você telefone, mande e-mail, use o twitter, mande fax, visite pessoalmente, use o Facebook, mande um pombo-correio", afirmou. "Eu quero que você diga ao seus congressistas: a hora do bloqueio do debate e do jogo acabou. Chegou a hora da ação."

Pressão

BARACK OBAMA PRESIDENTE DOS EUA

"Nos próximos dias e semanas, dependerá de você pressionar o Congresso a agir - ou responsabilizá-lo, se ele não fizer nada."

"Quero que você telefone, mande e-mail, use o twitter, mande fax, visite pessoalmente, use o Facebook, mande um pombo-correio."