Título: Preço de passagem aérea no País é o menor desde 2002
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2011, Negócios, p. B15

Segundo dados da Anac, valor médio pago por quilômetro voado em junho foi 47% menor que o registrado no mesmo mês de 2002

Os preços das passagens aéreas domésticas atingiram, em 12 meses encerrados em junho, o patamar mais baixo desde julho de 2002. Levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostra que o valor médio pago pelos passageiros, medido pelo indicador yield (valor médio pago por quilômetro de voo), caiu 47% em junho, na comparação com 2002. O mês registrou o 12.º recorde consecutivo de queda.

De acordo com os dados da Anac, o yield ficou, em junho, em R$ 0,34. Além disso, a tarifa aérea média no País no mês foi de R$ 271,37. Apesar de representar um aumento de 1,97% em relação ao mesmo mês do ano passado, esse número é 33,4% menor que o registrado em junho de 2002. Os números são deflacionados pelo IPCA.

O alívio no bolso do passageiro é resultado de uma enxurrada de promoções feitas pelas companhias aéreas nos últimos meses. Os preços baixos foram a principal estratégia encontrada pelas empresas aéreas para atrair a nova classe média, antes acostumada a viajar longas distâncias de ônibus.

O esforço das empresas para fisgar esse novo consumidor, no entanto, não acaba no preço. Passagens parceladas e acordos com redes varejistas para a venda de passagens completam o pacote.

O resultado dessa tática das companhias aéreas pode ser visto no crescimento da demanda constantemente em expansão. De janeiro a julho, a procura por voos domésticos cresceu 21,17%, colocando o Brasil entre os mercados que mais crescem no mundo. Os resultados têm surpreendido o setor, que esperava inicialmente um avanço inferior a 20% para o ano.

Guerra de tarifas. Na avaliação de especialistas, porém, essa onda de preços historicamente baixos não é sustentável. Com a guerra tarifária, os ganhos das empresas ficaram em descompasso com o aumento da demanda. Em decorrência disso, a Gol revisou para baixo suas projeções de resultado. No mês passado, a empresa já reajustou suas tarifas entre 3% e 7%.

Com mais gente viajando, aumenta a pressão sobre o deficiente sistema aeroportuário do País. No ano passado, nove dos 20 principais aeroportos brasileiros movimentaram mais passageiros do que a sua capacidade suportava, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da estatal Infraero, que administra os principais aeroportos do País.

Pressionado, o governo corre para eliminar os gargalos. A intenção é de, até o fim do ano, entregar para a iniciativa privada a administração dos aeroportos de Campinas, Guarulhos e Brasília. O pontapé inicial para a entrada da iniciativa privada no setor foi dado no mês passado com a concessão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, para o consórcio formado pela Engevix e a argentina Corporación América.

Em 2012, no entanto, o crescimento da demanda no País pode desacelerar. A TAM estima para o ano que vem um crescimento de demanda menor do que o previsto para este ano - algo entre 15% e 18% -, principalmente em virtude das incertezas que cercam a economia mundial.

Tarifa

R$ 271,37 foi o valor médio pago pelo passageiro por uma viagem aérea em território brasileiro em junho. Esse valor representa alta de 1,97% em relação a junho do ano passado, mas queda de 33,4% em relação ao mesmo mês de 2002