Título: Chanceler brasileiro alerta para risco de nova recessão
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/09/2011, Economia, p. B10

O chanceler brasileiro Antonio Patriota adverte que o mundo corre de fato o risco de caminhar para uma "segunda crise". Em discurso ontem em Genebra em evento sobre estratégia, o ministro de Relações Exteriores deixou claro que um novo enfraquecimento da economia mundial teria profundas repercussões negativas.

Nos últimos dias, entidades em diversos países vêm alertando para o risco de que a recuperação da economia mundial, depois do colapso de 2008, tenha chegado ao fim. Os mais pessimistas, porém, já alertam para uma nova recessão.

Patriota não esconde que esse é um cenário que, na mente do governo, começa a preocupar de fato. "Saímos de crise (de 2008). Mas talvez estejamos indo a uma segunda crise de proporções enormes", alertou.

No governo de Dilma Rousseff, a perspectiva de uma queda do crescimento mundial já faz parte dos cálculos dos técnicos. A perda de fôlego teria um impacto nos investimentos recebidos pelo país, no acesso ao crédito e nas exportações. Em 2008, o Brasil não ficou imune à recessão mundial, ainda que tenha saído da crise antes dos países ricos.

Ritmo. Dados da OCDE, por exemplo, já indicam que a nova desaceleração da economia mundial já afeta o Brasil e que o crescimento das exportações será impactado nos próximos meses. Patriota ainda alerta que, se os países do Bric hoje garantem em grande parte o "vigor" da economia mundial, esses governos ainda não têm uma voz proporcional na formulação de decisões sobre o cenário internacional.

Ontem, o chanceler ainda se reuniu com o diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, para debater justamente o entrave nas negociações da Rodada Doha. Essa foi a primeira reunião de Patriota em Genebra com a OMC desde que Dilma assumiu o governo.

Segunda crise

ANTONIO PATRIOTA MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES

"Saímos de crise (de 2008). Mas talvez estejamos indo para uma segunda crise de proporções enormes."

"Os governos dos Brics ainda não têm uma voz proporcional na formulação de decisões sobre o cenário internacional."