Título: Preocupação com a Grécia derruba bolsas no mundo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2011, Economia, p. B3

Mercados reagiram às declarações do ministro de Finanças grego de que as metas fiscais do país não serão cumpridas este ano

A declaração da Grécia de que não cumprirá a meta fiscal neste ano fez os mercados financeiros, incluindo o Brasil, despencarem ontem, elevando as preocupações sobre um novo pacote de empréstimos para o país.

O anúncio de Atenas fortaleceu o fantasma do calote, um dos temas das discussões entre ministros de Finanças da zona do euro em Luxemburgo, que se reuniram para debater os próximos passos na resolução da crise de dívida da região.

As ações bancárias da Europa eram destaques de queda, em meio a preocupações de que os detentores de bônus privados sejam forçados a assumir maiores perdas que o concordado em julho no plano de resgate da Grécia. O esboço do orçamento enviado ao Parlamento grego mostrou que o déficit deste ano deve ser de 8,5% do Produto Interno Bruto, acima da meta de 7,6% acordada no pacote concedido pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

O ministro grego de Finanças, Evangelos Venizelos, disse em nota que as metas fiscais de 2010 serão alcançadas em termos absolutos. A previsão do orçamento, no entanto, é de que o déficit do ano que vem deve ser de 6,8%, acima dos 6,5%, porque a economia deve retrair 2,5% por cento, após queda de 5,5% em 2011.

Na Europa, a bolsa de Londres caiu 1,03%; Frankfurt cedeu 2,28%; e Paris perdeu 1,85%.

"O descumprimento da meta não impede que haja uma saída de ajuda ao país, mas causa volatilidade nos mercados", disse o analista da corretora SLW, Pedro Galdi.

Alguns analistas, contudo, dizem que um calote da Grécia é inevitável. "É uma questão de quando, não se (a Grécia declarar calote)", disse o gestor de fundo da Schroders. "Mas, provavelmente, nós deveremos ver alguma forma de recuperação para as ações de agora até o final do ano, em que muitas notícias negativas serão bem conhecidas."

Em Nova York, as bolsas apaziguaram as perdas por alguns instantes, diante da surpresa apresentada pelo índice ISM de atividade industrial em setembro, que subiu para 51,6, de 50,6 em agosto, contrariando a previsão de queda para 50,4. Ainda nos EUA, os investimentos em construção também subiram inesperadamente em agosto, em 1,4%, opondo-se à estimativa de queda de 0,4%. Mas as boas notícias não conseguiram segurar as perdas e o Índice Dow Jones caiu 2,36%, S&P 500 perdeu 2,85% e Nasdaq, termômetro da tecnologia, cedeu 3,29%.

Efeito Dominó. Após fechar setembro com perda acumulada de 7,38%, a Bolsa de Valores de São Paulo seguiu o pessimismo externo e manteve a trajetória de queda, iniciando o mês de outubro no terreno negativo. O Ibovespa fechou com desvalorização de 2,93%. Em 2011, as perdas do índice já somam 26,71%. No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,53%, cotado a R$ 1,89. Neste ano, a valorização da moeda é de 13,58%. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS