Título: PDVSA apresenta garantias para refinaria
Autor: Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2011, Economia, p. B8

Estatal venezuelana deu fianças bancárias do BES e do BB no total de R$ 4 bilhões para manter parceria com a Petrobrás na Abreu e Lima

A estatal venezuelana de petróleo PDVSA apresentou fianças bancárias do Banco Espírito Santos (BES) e do Banco do Brasil (BB), no valor total de R$ 4 bilhões, como garantia ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A estatal está pleiteando financiamento do banco de fomento para participar, em sociedade com a Petrobrás, da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O Banco Espírito Santo apresentou carta de fiança equivalente a 75% do valor do financiamento. O Banco do Brasil assumiu os restantes 25%. Pela negociação financeira desenvolvida pela PDVSA nos últimos três meses, o Bradesco apresentaria fianças referentes a 25% do total. Dois dias antes de a proposta ser submetida ao BNDES, o banco privado brasileiro desistiu.

Assim, o BES, que contribuiria com uma cota de 50%, assumiu a parte do Bradesco.

Entregues há três semanas, as garantias da petroleira da Venezuela foram avaliadas pelo BNDES, que, na sexta-feira passada, encaminhou a documentação para ser analisada pela Petrobrás. Nem o banco nacional de fomento nem a estatal se manifestaram ontem, oficialmente, sobre o que está sendo proposto pela PDVSA.

'Interação'. Resultado de um acordo firmado em 2005 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a Refinaria Abreu e Lima seria o marco inicial de uma parceria entre os dois países no setor petrolífero. Falavam ambos, na ocasião, em uma interação latino-americana ante a concorrência das poderosas petroleiras americanas e europeias.

As equipes técnicas dos dois governos acertaram que a Petrobrás bancaria 60% da obra. O restante das despesas seria de atribuição da PDVSA. Em 2009, a Petrobrás conseguiu o empréstimo de R$ 10 bilhões junto ao BNDES. Para confirmar sua participação na sociedade, a empresa da Venezuela teria de se responsabilizar pelo pagamento de 40% da quantia, o que até hoje não ocorreu.

A refinaria já está 35% pronta. Além da aprovação das garantias, a PDVSA, conforme reivindicação da Petrobrás, a estatal venezuelana terá de pagar a ela 40% do que já foi gasto até agora na construção, tem dito o diretor de Abastecimento da estatal brasileira, Paulo Roberto Costa.

Segundo Costa, o prazo para o pagamento dessa dívida é o último dia de novembro. O valor não foi revelado pelo dirigente.

Confirmada a parceria, se vencidas estas etapas, a obra prosseguirá conjuntamente. Quando concluída, de acordo com o projeto original, a refinaria binacional Abreu e Lima processará o petróleo originário dos dois países. O óleo da Venezuela é mais pesado do que o do Brasil.

Na sexta-feira, Chávez, acusou a Petrobrás de boicotar o acordo. "Creio que na Petrobrás há setores que não querem o acordo. Estou convencido disso e vou tratar do assunto com a presidente, minha querida Dilma (Rousseff), porque quando não é uma coisa é outra."