Título: BC volta a agir para conter alta e dólar fica abaixo de R$ 1,90
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2011, Economia, p. B10

Pela segunda vez em onze dias, o Banco Central voltou a intervir para conter um novo repique do dólar, evitando que a moeda norte-americana encerrasse o pregão acima de R$ 1,90. A autoridade monetária fez um leilão de swap cambial tradicional (venda de dólar no mercado futuro) na tarde de ontem tão logo viu o dólar bater na máxima de R$ 1,9150 e, com isso, conseguiu que a moeda desacelerasse a alta para R$ 1,890 (+0,53%). E após o fechamento do mercado do BC anunciou para esta terça-feira outra rodada da swap ¿ ofertando "a sobra" de US$ 4,5 bilhões do leilão de ontem. Na avaliação de operadores, o BC pode estar querendo mostrar para o mercado que tem munição para evitar uma valorização excessiva da moeda dos EUA. Além disso, o fato de ter colocado apenas 32% do total ofertado no leilão de ontem de swap pode significar também que o mercado

"está" comprado e especulando para saber qual é o patamar aceitável pelo BC".

Entre os motivos para a procura maior por dólar estão a deterioração do ambiente externo, com o aumento as preocupações de um calote grego, e a aposta do mercado de juros em corte mais pronunciado da taxa básica de juros, a Selic, de 0,75 ponto porcentual, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em outubro.

Os investimentos reforçam ontem a aposta de afrouxamento monetário maior no curto prazo e as taxas projetadas pelos contratos futuros de juros caíram sensivelmente, reagindo a declarações da presidente Dilma Rousseff, na última sexta-feira, de que a intenção é manter a trajetória de redução de juros" de acordo com as condições econômicas do Brasil". Além disso, o movimento das taxas também foi influenciado por reportagem, no fim de semana, do jornal O Estado de S. Paulo informando que o nível da Selic desejado por Dilma no fim de 2012 é de 9%.

Já a Bovespa repercutiu unicamente o noticiário externo sobre o agravamento da Grécia ter indicado que não deverá cumprir as metas de redução do déficit fiscal deste ano e do próximo, aumentando o temor de calote grego e de contágio na região. Assim, o Ibovespa desabou 2,93%, retrocedendo aos 50.791,53 pontos, o menor nível desde 8 de agosto de 2010. A Bolsa atingiu a mínima pontuação do ano em dólares (cerca de 27 mil) pontos. Em Nova York, as bolsas também foram abatidas pela aversão ao risco. O Dow Jones afundou 2,36%, o S&P 500 caiu 2,85% e o Nasdaq ¿3,29%.