Título: Oposição síria se une e pede apoio do Brasil
Autor: Shadid, Anthony
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2011, Internacional, p. A10

Conselho se forma nos moldes do grupo líbio que varreu Kadafi do poder e pretende reunir toda a dissidência a Assad

Enquanto anunciava a criação de uma frente única contra o presidente Bashar Assad, a oposição síria pediu ontem que Brasil, China e Rússia mudem de posição sobre a crise e ajudem os opositores a "salvarem-se da guerra" do governo contra eles.

"Está na hora de esses países apoiarem a população síria", declarou o conselho em comunicado à imprensa. O grupo também prometeu rejeitar qualquer interferência externa que signifique uma ameaça à soberania síria.

O governo brasileiro, que insiste em manter canais abertos com os sírios, enviou uma missão diplomática para conversar com Assad. Nas últimas semanas, no entanto, o Itamaraty, ao lado da diplomacia turca, já trabalha com a possibilidade de impor punições ao regime do ditador sírio.

A oposição também alertou Rússia e China para abandonar suas posições de apoio a Assad se quisessem manter seus interesses na Síria no futuro. Na semana passada, Moscou hesitou em apoiar uma resolução esboçada por países europeus no Conselho de Segurança da ONU por considerá-la dura demais.

A criação do órgão tem como objetivo seguir os passos do Conselho Nacional de Transição da Líbia, que acabou ganhando legitimidade internacional e lidera o governo provisório no país. "Esse é o conselho que se desenvolverá no núcleo de um governo no período de transição", afirmou Yaser Tabbara, jurista e ativista sírio.

Segundo o ativista Burhan Ghalioun, o Conselho Nacional Sírio reúne as forças da oposição para promover uma revolução pacífica. Ainda de acordo com o grupo, o movimento congrega diferentes tendências políticas e pretende ser os representantes da rebelião contra o regime tanto dentro como fora do país.

"Pedimos às organizações internacionais que assumam suas responsabilidades em relação ao povo sírio", declarou a entidade.