Título: Indústria mais otimista do que alguns meses atrás
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2011, Economia, p. B2

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se mostra mais confiante quanto ao desempenho do setor, em face dos dados de agosto. Embora o faturamento real no mês tenha apresentado pequeno aumento (0,3%), ele ocorreu pelo terceiro mês consecutivo e, talvez mais importante, nesse mês todos os indicadores levantados foram positivos, transmitindo a imagem de uma indústria que se prepara para um aumento da demanda num ambiente econômico mais favorável.

Os dados da CNI sobre o faturamento real são mais favoráveis do que os divulgados dois dias antes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, em termos dessazonalizados, apresentava um recuo de 0,3%. A diferença em relação aos indicadores da CNI pode ser explicada pelo fato de que estes não incluem a indústria extrativa, além de o levantamento da CNI ser feito com data diferente, com preços que dependem hoje de uma taxa cambial muito volátil.

O que parece importante é que os dados da CNI incluem informações mais completas do que os levantados pelo IBGE. Por exemplo: as horas trabalhadas, em termos dessazonalizados, aumentaram 0,2%, mostrando melhoria da produtividade na indústria, uma vez que o faturamento cresceu mais e o emprego permaneceu estável.

Nota-se, todavia, que a massa salarial real recuou 3,3% e o rendimento médio real, 3,7%. Isso parece indicar que a inflação começa a reduzir o valor dos salários e que a escassez de mão de obra já não é tão aguda como há alguns meses.

Um dado importante diz respeito à utilização da capacidade instalada, que, segundo dados dessazonalizados, passou de 82%, em julho, para 82,2%, no mês seguinte, uma indicação de maior demanda ou de maior uso de bens de capital.

O quadro geral é ainda mais positivo quando se verifica que, dos 19 setores industriais analisados, apenas 3 apresentaram recuo em relação ao mesmo mês do ano passado: refinação de álcool, edição e impressão e setor têxtil. A diferença com agosto de 2010 varia muito: é de 57,8%, no caso dos produtos eletrônicos e de comunicações, mas de apenas 1,1%, no setor alimentício.

De janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010, o faturamento real cresceu 5,2%. Não se pode esquecer que o aumento de preços e o endividamento das famílias estão reduzindo a demanda neste ano. Não obstante, tudo indica que a indústria está se preparando para um forte aumento da demanda no final de ano, em vista da melhoria dos rendimentos.