Título: Solução imposta não resolverá o problema
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2011, Internacional, p. A16

ENTREVISTA Ilan Sztulman, Cônsul-Geral de Israel em São Paulo

Qual alternativa prática - que conduza efetivamente ao estabelecimento de um Estado - Israel tem a oferecer para evitar a iniciativa palestina na ONU?

Israel crê que negociações diretas são a única forma de chegar a qualquer solução diplomática. A violência ou soluções impostas não resolverão jamais problemas de nenhum tipo. Na nossa opinião, devemos retornar às negociações diretas imediatamente até chegarmos a uma solução. É prático e com muito bom senso.

Em quais pontos, entre os que mais causam divergências - Jerusalém, refugiados, assentamentos -, Israel está disposto a ceder para destravar o diálogo?

Se fosse possível predeterminar os pontos de solução não seria necessário negociar entre partes que conflitam. Vemos a criação de um Estado palestino ao lado de Israel como um sonho possível e, como fizemos com outros, estaremos dispostos a pagar o preço pela paz, desde que isso não signifique a destruição física de Israel.

Quais seriam as "consequências nefastas", aludidas pelo chanceler Avigdor Lieberman, da declaração unilateral do Estado palestino? É possível afirmar que Israel, hoje, só estaria disposto a aceitar um Estado palestino sob termos e condições israelenses?

A declaração palestina e o reconhecimento desta pela comunidade internacional significará a legitimação do terror e do racismo como forma de governo legítimo pela ONU. O Hamas continuará a pregar pela destruição de Israel e da cultura ocidental, só que em vez de ter o status de pária que tem hoje - como a Al-Qaeda, a Jihad Islâmico e outros -, terá reconhecimento oficial da ONU. Impor uma solução poderia desestabilizar a realidade de prosperidade que temos hoje na Cisjordânia e criar uma nova onda de violência na área.

Após 18 anos de estagnação, Israel ainda considera viáveis os Acordos de Oslo?

É como a questão de ver o copo meio vazio ou meio cheio. Se temos hoje uma situação de calma e prosperidade na região é por causa dos Acordos de Oslo. A maior parte do povo palestino na Cisjordânia vive sob controle palestino, segundo o mecanismo dos Acordos de Oslo, constrói novas cidades e instituições e tem um dos melhores níveis de vida do mundo árabe. Se nos últimos anos a liderança palestina estivesse disposta a negociar diretamente com Israel, como estabelecem os acordos, já teríamos chegado a esse Estado sem necessidade de interferência externa.