Título: PSD de Kassab mira órfãos do PMDB quercista
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2011, Nacional, p. A12

Partido busca nomes aptos a disputar eleições de 2012 para incluir no quadro de filiações no Estado

O PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, corre atrás de nomes aptos a concorrer às eleições municipais de 2012 para incluir no quadro de filiações no Estado. A preferência é para ex-prefeitos, vereadores e novas lideranças com potencial de votos. Entre os alvos, estão peemedebistas da ala quercista descontentes com a executiva estadual, que dissolveu duas centenas de diretórios no Estado.

O PSD obteve registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na terça-feira e corre contra o tempo para formar as bases dentro do prazo de filiações, visando ao pleito do ano que vem. O prazo termina na sexta-feira.

O Estado foi dividido em regiões sob a coordenação de deputados estaduais e federais. Para esse trabalho, Kassab se apoiou na divisão administrativa utilizada pela Fundação Seade, vinculada ao governo paulista. Para os planos do prefeito, que almeja disputar o cargo de governador em 2014, a articulação política com lideranças em todo o Estado é fundamental e, para tanto, Kassab tem retomado muitos dos contatos de suas campanhas a deputado federal.

"Como o partido vai debutar nas urnas, é importante sair com um resultado bom", argumentou o deputado Eleuses Paiva, coordenador em São José do Rio Preto. A preocupação, segundo ele, é formar um quadro de filiados com pessoas que tenham chances de ser candidatas. "Em mais de 50% das cidades da região vamos ter candidaturas a prefeito ou vice, mas o momento agora é de tocar as filiações."

A discussão sobre candidaturas virá num segundo momento, segundo Paiva. "Há muita coisa encaminhada, mas estamos evitando falar em nomes porque vai haver pressão de outros partidos." Em Rio Preto, o deputado se reuniu até com o prefeito Valdomiro Lopes da Silva (PSB). O objetivo foi apresentar a executiva local, mas ele não descarta uma possível aliança. "Na hora certa, vamos abrir a discussão."

Em Araraquara, o vice-prefeito Valter Merlos migrou para o PSD e pode enfrentar nas urnas o atual prefeito, Marcelo Barbieri (PMDB). O peemedebista Milton Araújo, de Rio Preto, conta que o PSD acabou se tornando opção para o grupo não alinhado com a atual executiva estadual peemedebista. "Aqueles que têm pretensões mais imediatas e ficaram sem garantia de legenda no partido estão migrando."

Poder de atração. Na assessoria do deputado Guilherme Mussi Ferreira, eleito pelo PV e que coordena o PSD no sudoeste paulista, o ex-deputado Bruno Feder diz que a estratégia é buscar filiações fora das prefeituras. "Muitos prefeitos têm ligações com a gente, mas não podem se abrir, pois dependem do governo estadual para investimentos em seus municípios." Mesmo assim, segundo ele, o partido já conseguiu a adesão de 80 vereadores na região e, destes, 25 devem ser candidatos a prefeito. "Com a definição do registro, a gente percebe que todo mundo está querendo entrar."

Avaré, Taquarituba e Itapeva são cidades com candidaturas acertadas à prefeitura. "O prefeito de Piraju (Francisco Rodrigues, do PP) e o ex-prefeito e pré-candidato em Fartura (José da Costa, do PSDB) vieram conosco." Feder contabiliza adesões importantes também em Itapeva, Capão Bonito e Itapetininga.

O prefeito de Itu, Herculano Passos Júnior, eleito pelo PV e adepto do PSD desde o lançamento, disse que o partido preparou com antecipação a lista de filiações. "Agora é só confirmar." Ele coordena o partido na região com sua mulher, a deputada estadual Rita Passos, e recebia ontem pré-candidatos a prefeito de cidades do entorno de Sorocaba.

Ex-prefeitos como Erval Steiner, de Porto Feliz, Ademir Borsatto, de Tatuí, e Marcos Andrade, de Iperó, já asseguraram a filiação à legenda para voltar à disputa pelas prefeituras. Em Sorocaba, o PSD deve concorrer com o atual vereador Hélio Godoy, que deixou o PTB. "Teremos candidaturas em todas as cidades da região", prometeu Passos Jr.

A meta do PSD é ter candidatos a prefeito ou vice em metade dos 645 municípios paulistas, com chances de eleger 40%. Em Bauru, o partido se aproximou do prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), pré-candidato à reeleição, em busca de uma composição. "Temos um grande apreço pela administração dele, mas não depende só da gente", explicou o presidente local da sigla, o empresário Antonio Correa.

No Vale do Paraíba, a captação de filiados foi confiada ao deputado Junji Abe, que deixou o DEM. Segundo ele, vereadores e ex-prefeitos que esperavam a definição do TSE já sinalizaram com a adesão. O PSD ainda não desistiu de ter o apoio da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Veras, que ensaiou a ida para o partido de Kassab, mas permanece no DEM. Interlocutores do prefeito paulistano têm procurado com insistência a prefeita, mas ela evita falar a respeito.