Título: Cristina venceria no 1º turno, dizem pesquisas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/10/2011, Internacional, p. A15

Atual presidente argentina teria até 57% dos votos e seria reeleita com maior votação em 28 anos, obtendo cacife político para reformar a Constituição

A presidente argentina, Cristina Kirchner, deve ser reeleita nas eleições do dia 23 com entre 53% e 57% dos votos, indicam pesquisas das consultorias Management & Fit, Ipsos e Graciela Romer e Associados, divulgadas ontem. Se isso se concretizar, Cristina obterá a maior vitória eleitoral desde que a Argentina voltou à democracia, há 28 anos. Hoje, o recorde é do ex-presidente Raúl Alfonsín, que conseguiu 51,7% dos votos, em 1983.

Analistas afirmam que uma faixa de 55% das intenções abriria caminho para que Cristina tenha poder para pleitear uma reforma constitucional que lhe permita uma eventual segunda reeleição, em 2015.

De acordo com as sondagens, o segundo colocado seria o socialista Hermes Binner, que teria entre 12% e 16,1% das intenções de voto. O resultado representa a maior diferença entre os dois primeiros lugares em disputas presidenciais da história argentina.

O peronista dissidente Alberto Rodríguez Saá obteria entre 8,5% e 10,1% das intenções de voto e o candidato da União Cívica Radical (UCR), Ricardo Alfonsín - filho de Raúl Alfonsín -, teria de 8% a 9%.

Na disputa pela terceira posição também está o ex-presidente Eduardo Duhalde, representante de uma das facções do peronismo dissidente, que conseguiria de 6% a 12% dos votos. "A oposição, que desde o início da campanha estava dividida e sem propostas claras, agora está mais errática do que antes", afirmou ao Estado a analista de opinião pública Mariel Fornoni.

Restrições. Cristina não poderá inaugurar obras públicas ou falar em rede nacional nas duas semanas anteriores à votação, pois a legislação a impede. Por isso, a presidente aproveitou a semana passada para fazer uma maratona de inaugurações (pessoalmente e por teleconferência) de hospitais, estaleiros, uma refinaria e sistemas de esgotos, entre outros. Especialistas destacam que, apesar de ter a garantia de uma confortável vitória, a campanha de Cristina ainda tenta crescer para aproximar-se dos 62,49% dos votos conseguidos em 1952 por Juan Domingo Perón, fundador do Partido Justicialista (Peronista), ao qual pertence a presidente.

Nas últimas semanas, de forma simultânea ao crescimento de Cristina nas pesquisas, intensificaram-se os rumores sobre uma reforma constitucional que garanta à presidente a possibilidade de ser reeleita pela segunda vez. Diversos grupos kirchneristas prometem que o primeiro aniversário da morte de Néstor Kirchner, no dia 27, será marcado por um apelo à segunda reeleição de Cristina, em nome da permanência do "modelo" econômico e político.

Segundo a oposição, essa reforma seria feita antes do fim do ano. O analista político Silvio Santamarina explicou que, caso Cristina consiga mais de 55% dos votos no dia 23, o governo terá capital político suficiente para começar manobras para tentar essa reforma constitucional.