Título: Obama diz ter provas que ligam Irã ao complô para matar diplomata saudita
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2011, Internacional, p. A10

Casa Branca tenta rebater a céticos sobre plano; presidente diz que Teerã "pagará o preço"

WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, falou pela primeira vez publicamente, nesta quinta-feira, 13, sobre o suposto plano terrorista elaborado pelo Irã para matar o embaixador da Arábia Saudita em Washington. De acordo com ele, o iraniano Manssor Arbabsiar, acusado de organizar o complô, tem ligações "indiscutíveis" com Teerã.

"Não teríamos apresentado o caso se não soubéssemos exatamente como provar as afirmações contidas na denúncia", disse Obama durante visita à Casa Branca do presidente sul-coreano, Lee Myung-bak. "O mais importante é que o Irã responda à comunidade internacional por que alguém em seu governo está engajado nesse tipo de atividade."

"O governo americano sabe que ele (Arbabsiar) tem relação direta com o Irã, que foi financiado e orientado por indivíduos no governo iraniano", afirmou Obama. Segundo ele, seu governo está em contato com aliados para apresentar as provas do envolvimento de Teerã. Obama estaria em busca de apoio diplomático para novas sanções contra Teerã. Para ele, o caso faz parte do "padrão de comportamento perigoso e inconsequente" do governo iraniano.

Denúncia

Na terça-feira, o secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, anunciou o suposto envolvimento de dois cidadãos iranianos acusados de planejar o assassinato do embaixador da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir. A conspiração teria sido concebida, organizada e dirigida pelo Irã. Arbabsiar, de 56 anos, naturalizado americano, teria tentado contratar integrantes do cartel mexicano Los Zetas para matar o diplomata ¿ a ideia era explodir o restaurante que o embaixador frequentava em Washington. Arbabsiar, no entanto, negociou o tempo todo, sem saber, com um agente infiltrado da polícia antidroga dos EUA.

Ele tentou desembarcar no México em um voo vindo de Frankfurt, no dia 29, mas sua entrada no país foi recusada. Arbabsiar foi colocado em um avião para Nova York, onde foi preso no mesmo dia. O outro iraniano acusado de participação na conspiração é Gholam Shakuri, que os americanos dizem ser membro da Brigada al-Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana. Shakuri está foragido.

Reação

Teerã nega envolvimento no caso e classificou as acusações de "hilárias" e de uma "fabricação" americana. Muitos analistas e especialistas em assuntos do Golfo Pérsico também duvidam do envolvimento iraniano. Segundo Bob Baer, ex-funcionário de alto escalão da CIA, o padrão de ação "foge completamente das características da Brigada al-Quds".

"Eles são muito rigorosos no recrutamento e nunca envolveram civis iranianos." Arbabsiar é um vendedor de carros usados que, segundo amigos e vizinhos ouvidos pela rede CNN, mal dava conta de organizar a própria vida.

Analistas também afirmam que Teerã nunca confiaria uma operação dessa magnitude a uma organização não islâmica, como um cartel mexicano. Além disso, segundo especialistas, existem alvos sauditas muito mais fáceis de destruir no Iraque, no Afeganistão e no Bahrein.

Com AP e Reuters