Título: Recuo do PIB pode reforçar queda da taxa de juro em 2012
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2011, Economia, p. B1

Análise: Eduardo Velho

Desde o novo ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic), iniciado em agosto, as declarações dos membros da diretoria do Banco Central (BC) têm sido claras ao condicionar esse movimento de flexibilização monetária ao cenário prospectivo de moderação da atividade econômica doméstica e, sobretudo, ao aprofundamento da desaceleração da economia mundial.

De fato, não podemos negar que, comparativamente ao segundo trimestre, estamos observando um crescimento mais moderado dos indicadores do mercado de trabalho, tanto de renda real como de emprego, sobretudo na indústria e o grau de utilização da capacidade instalada de diversos setores econômicos também desacelerou.

Nesse ambiente, praticamente todas as instituições financeiras e consultorias têm revisado para baixo suas estimativas de crescimento da economia brasileira, o que, em princípio, beneficia a redução da inflação.

O recuo do índice dessazonalizado de atividade econômica apurado pelo BC (IBC-Br) em agosto - pelo terceiro mês consecutivo - confirmou a tendência de desaceleração desse indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado em 12 meses de 7,78% em dezembro de 2010 para 4% em agosto.

Com os números de janeiro a agosto, já teríamos garantido um crescimento real do PIB de 2,71% em 2011, ressaltando que esse número é inferior ao produto potencial. Dessa forma, o resultado do IBC-Br ratifica a nossa previsão de um crescimento do PIB no terceiro trimestre próximo de zero, mas com possibilidades de que haja até mesmo uma variação negativa.

A expectativa é de que em setembro ocorra alguma recuperação do comércio em relação ao resultado de agosto, mas de forma reduzida. Além disso, um conjunto de indicadores antecedentes estaria sinalizando uma taxa negativa do setor industrial em setembro.

De certa forma, a desaceleração do PIB brasileiro, que tem ampliado o diferencial entre o crescimento efetivo e potencial, corrobora o cenário traçado pelo BC, o que pode influenciar as expectativas do prolongamento da queda da Selic em 2012, a despeito de reconhecer os cenários ainda divergentes da inflação medida pelo IPCA entre a autoridade monetária e o mercado.