Título: Gestor de recursos aposta em mais desaceleração
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2011, Economia, p. B1/10

O PIB brasileiro relativo ao segundo trimestre deste ano veio dentro do esperado, mostrando alguma expansão de atividade, ao passo que o PIB no terceiro trimestre deve ter desaceleração mais acentuada, na opinião de Dany Rappaport, sócio da Rappaport Gestora de Recursos.

Para ele, o crescimento da indústria e do consumo das famílias no segundo semestre de 2011 deverá ser menor.

A visão do analista sobre o ritmo da expansão da economia no terceiro trimestre baseia-se na perspectiva de desaceleração da economia mundial, redução nos preços das commodities e, no âmbito doméstico, "de alguma maneira em função do crédito no Brasil, que tem encontrado algumas limitações para continuar crescendo", disse, em entrevista à Agência Estado.

"Por estarmos no meio do terceiro trimestre, ainda é cedo para dizer se o PIB no período entrará no território negativo", prossegue Rappaport. No momento, a percepção do analista é a de que o número neste trimestre tende mais para a estagnação. Para o ano, Rappaport pretende revisar a taxa de crescimento do PIB de 3,4% em direção a 3%.

Para Rappaport, a redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12%, é um movimento prospectivo. Não tem relação com o ritmo de expansão econômica no segundo trimestre.

"Acredito em uma visão prospectiva do Banco Central, e do governo como um todo, de que o Brasil deve ter uma redução dos juros agora como arma para enfrentar uma crise de crescimento no exterior".

O analista vê a decisão do Copom como preventiva. "O BC toma uma aposta arriscada, mas é uma decisão de banco central. Não tem de ir atrás da visão de mercado, tem de ir de acordo com o que vê para o mundo. E vê uma desaceleração muito forte", ponderou. Rappaport critica a forma como a notícia foi dada: "O BC poderia ter sido um pouco mais cauteloso. Não precisaria ter dado a surpresa". Para ele, é correto indicar que não se deve esperar aperto monetário ou juros elevados em um ambiente global de estagnação, mas, acrescenta ele, "poderia ter feito de forma mais gradual".

Cautela

As incertezas na economia levaram a Suzano Papel e Celulose a adiar a conclusão de duas fábricas: o projeto do Maranhão, ficou para o primeiro semestre de 2013 e o do Piauí, 2014.