Título: Consumo puxa alta do PIB no trimestre
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2011, Economia, p. B1/10

Setor de serviços, puxado pelo consumo, foi destaque no PIB, com alta de 3,4% ante 2010

Desde o início do ano, o biólogo Francisco do Amaral Mello já trocou de aparelho celular três vezes. A última aquisição, um iPhone 3GS, foi feita esta semana. Apesar de possuir um smartphone Galaxy 3 em perfeito estado e com apenas três meses e meio de uso, o apelo dos aplicativos do aparelho novo motivaram a substituição prematura.

Marcos de Paula/AEDe filho para pai. O biólogo Francisco Mello mostra seu novo celular; ao fundo, seu pai, João, que vai 'herdar' o parelho 'velho' "Como o iPhone5 está para ser lançado, o iPhone3 ficou mais barato e consegui comprá-lo", explicou Mello, que passará o aparelho anterior, recém-importado, para o pai, João do Amaral Mello. O biólogo é um dos consumidores que ajudaram a puxar para cima o desempenho do setor de serviços da informação, subgrupo que mais cresceu no segundo trimestre deste ano ante igual período de 2010.

O grupo serviços foi destaque no resultado do Produto Interno Bruto (PIB). Na comparação com igual período de 2010, cresceu 3,4% e ante o trimestre imediatamente anterior, a alta foi de 0,8%. Em ambos os casos, foi a atividade com variação positiva mais elevada, desbancando indústria e agropecuária. Comércio e intermediação financeira também ajudaram a impulsionar o resultado dos serviços no segundo trimestre.

"Os serviços continuaram crescendo a taxas bem semelhantes às do primeiro trimestre", disse Rebeca Palis, gerente na Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Mas o que pesa mesmo é a parte de telecomunicações, a parte de telefonia, tanto móvel quanto fixa, e a de informática".

A ascensão das classes C, D e E está ajudando a turbinar as receitas das operadoras de telefonia. O maior crescimento está vindo da venda de serviços de acesso à internet móvel, em toda a área urbana, incluindo as favelas, afirma Versione Souza, diretor da operadora Vivo. A empresa começou a subir os morros recém-pacificados do Rio em junho para alcançar um público com um potencial de consumo importante para as teles.

"É um mercado muito rentável", diz. "Eles estão nos surpreendendo, pois têm um perfil de consumo muito semelhante à média do mercado brasileiro. O plano mais contratado de internet é o de R$ 89, apesar de o mais barato ser de R$ 29."

A empresa começou pelo Complexo da Penha e do Alemão, onde investiu R$ 1 milhão na instalação de antenas. O plano é entrar na Rocinha e na Mangueira nas próximas semanas.

A confiança para gastar vem dos resultados do emprego e da renda, que continuam em alta. Os dados positivos desses indicadores continuam sustentando o consumo das famílias. Por isso, a desaceleração de 5,5% no segundo trimestre deste ano ante o mesmo período de 2010 não foi expressiva, afirmou Rebeca. A taxa do segundo trimestre, a 31ª positiva consecutiva, também teve contribuição do aumento das operações de crédito para pessoas físicas.

A despesa de consumo das famílias cresceu 1% no segundo trimestre ante o primeiro trimestre, quando já havia crescido 0,7% ante o trimestre anterior.

Desempenho

REBECA PALIS GERENTE NA COORDENAÇÃO DE CONTAS NACIONAIS DO IBGE

"Os serviços continuaram crescendo a taxas bem semelhantes às do primeiro trimestre."

"Mas o que pesa mesmo é a parte de telecomunicações."