Título: PIB desacelera para 0,8% no trimestre
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2011, Economia, p. B1/10

Ritmo da economia, prejudicado pelo fraco desempenho da indústria e da agropecuária, corresponde a um crescimento anual de 3,2%

O PIB brasileiro desacelerou no segundo trimestre de 2011, freado pelo fraco desempenho da indústria e da agropecuária. O consumo das famílias, porém, limitou a queda de ritmo, com crescimento de 5,5%, comparado a igual período de 2010 - a trigésima-primeira expansão trimestral consecutiva, desde o final de 2003.

Preocupado com a desaceleração, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo poderá até adotar medidas de estímulo fiscal em 2012, se a situação internacional piorar muito e impedir que se alcance um crescimento de 5% no próximo ano (ver página B-10).

O câmbio valorizado, as medidas de contenção de crédito, as altas da Selic (taxa básica de juros) a partir de janeiro e as medidas de contenção de crédito comprimiram a produção industrial no segundo trimestre.

"Hoje, o patamar de produção de quase todas as atividades econômicas já superou o período pré-crise. A indústria da transformação é a única que está operando um pouco abaixo", disse Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o resultado do PIB ontem no Rio.

O crescimento do PIB no segundo trimestre foi de 0,8% na comparação com o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais. Em termos anualizados, corresponde a uma taxa de 3,2%. O PIB atingiu R$ 1,02 trilhão no segundo trimestre.

Na comparação com o mesmo período de 2010, a expansão no segundo trimestre foi de 3,1%, um recuo ante os 4,2% do primeiro trimestre. Em diversos indicadores, registrou-se no segundo trimestre o pior desempenho (na comparação com igual período de 2010) da fase de recuperação da crise global, isto é, desde o terceiro trimestre de 2009. Estão nessa lista o PIB total, a indústria, a indústria da transformação, a construção civil, a indústria extrativa-mineral, e serviços como transporte e aluguel.

A indústria cresceu apenas 0,2% (0,9% anualizado) no segundo trimestre, comparado com o primeiro, na série dessazonalizada. Houve impacto do câmbio valorizado, com forte aumento das importações (14,6% ante o mesmo período de 2010).

O desempenho da indústria de transformação foi ainda pior, com zero de crescimento ante o trimestre anterior, na série dessazonalizada. A construção civil cresceu 0,5% (2% anualizado) no segundo trimestre, comparado ao anterior.

A agropecuária teve o pior desempenho entre todos os setores no segundo trimestre, recuando 0,1% ante os três primeiros meses do ano. O impacto negativo veio da pecuária e da exploração florestal. Ambos estão sendo afetados pelo maior rigor ambiental, segundo Rebeca.

Os serviços tiveram o melhor desempenho entre os setores da economia no segundo trimestre, crescendo 0,8% (3,2% anualizado) ante os três primeiros meses do ano. Os investimentos no segundo trimestre, por sua vez, cresceram 5,9% ante o mesmo período de 2010.