Título: Passagens aéreas foram vilãs do IPCA em setembro
Autor: Amorim, Saniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2011, Economia, p. B1

Voos, que fazem parte do item transporte, subiram 23,4%, em média, em relação a agosto, quando tinham recuado de 5,95%

O aumento das passagens aéreas foi o vilão da inflação de setembro. O item contribuiu com 0,09 ponto porcentual na formação da taxa de 0,53% do IPCA no mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os voos "disponíveis para viagens" em setembro subiram, em média, 23,40% em relação às partidas de agosto, mês em que as tarifas tinham apresentado queda de 5,95%.

"As passagens aéreas têm uma forma diferenciada de cobrança. Dependendo da demanda, as empresas retiram as tarifas mais baratas. E nesse mês de setembro houve vários eventos, como feriado e o Rock in Rio, que fizeram com que os preços se elevassem", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

O economista Mauro Rochlin, professor do Ibmec-RJ, acredita que houve contribuição também do aumento do querosene de aviação no encarecimento das tarifas aéreas. "A Petrobrás vem segurando o preço da gasolina nas refinarias, mas o do querosene vem subindo", afirmou.

Como resultado, as despesas com transportes tiveram alta de 0,78%, após registrar queda de 0,11% em agosto. O resultado do grupo foi influenciado pelos combustíveis. O preço do litro do etanol aumentou 3%, enquanto o da gasolina subiu 0,50%.

Outra grande pressão na inflação de setembro foi o aumento de 0,64% dos produtos alimentícios, com impacto de 0,15 ponto porcentual na taxa do mês. "O IPCA de agosto já tinha subido bastante por causa dos alimentos, e os alimentos continuaram em alta em setembro", afirmou .

Alimentos. Vários produtos ficaram mais caros de agosto para setembro, com destaque para o feijão carioca, açúcar refinado e cristal, frango e leite. Nas próximas leituras, alguns podem ter aumento ainda maior, sob o impacto da valorização do dólar, cujo efeito costuma ser sentido mais de imediato no preço dos alimentos.

"O tempo para o impacto nós não sabemos, porque, em geral, não é no mesmo mês em que ocorre a valorização, por causa dos estoques e contratos firmados a preços antigos", afirma a coordenadora do IBGE.

Eulina pondera que, embora a desvalorização cambial já possa ter reflexos no atacado, o repasse para o consumidor pode não ser integral. "Existe uma diferença, não só em termos de tempo como também se vai chegar ou não, e com a mesma intensidade. Tudo vai depender da demanda e de como o comerciante vai conseguir colocar o produto dele a um novo preço, dada a sua receita", explicou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE..