Título: Governo já fala em banda de tolerância
Autor: Amorim, Saniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2011, Economia, p. B1

A inflação salgada de setembro divulgada pelo IBGE não abalou o otimismo do governo. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse ontem ao Estado que há grandes chances de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 ficar dentro da banda de tolerância da meta de inflação, que vai até 6,5%. Ele avalia que, se o indicador passar desse limite, será por pequena margem, o que não tornaria o desempenho ruim, tendo em vista os muitos choques de preços.

Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse em entrevista ao Jornal Nacional que a inflação deve recuar. "Teremos um recuo mais forte até abril, maio do ano que vem, e depois, seguindo a trajetória de convergência para o centro da meta de 4,5% em 2012."

Segundo Holland, o IPCA de 0,53% em setembro ficou "dentro do esperado" e a inflação acumulada em 12 meses, que até setembro está em 7,31%, começará a ceder a partir de outubro, iniciando a convergência para o centro da meta (4,5%).

"Há grandes chances de a inflação (2011) ficar dentro da banda de tolerância e muito pouca probabilidade de ficar levemente acima do teto", disse. "De qualquer forma, será um resultado positivo, dado os choques de commodities lá fora, choques de preços de alimentos aqui, alterações fortes em preços de hortifrútis, carnes, algodão e etanol e choque na taxa de câmbio, devido ao movimento de volatilidade internacional."

Outra fonte da área econômica disse que cumprir a meta neste ano não é uma missão impossível. Nas contas desse técnico, se no último trimestre o IPCA ficar, na média, dentro da faixa de 0,4% a 0,5%, o limite de 6,5% no ano será atingido, já que o último trimestre do ano passado teve inflação muito alta. De fato, a média do IPCA de outubro a dezembro de 2010 foi de 0,74%.

Ao trocar números mais altos por índices menores, o resultado em 12 meses tende a desacelerar. A questão é se os números do último trimestre ficarão na faixa que viabiliza o cumprimento da meta. As commodities em queda ajudam, mas o câmbio desvalorizado prejudica.

Em setembro, o IPCA de 0,53% ficou acima do índice do mesmo mês de 2010 (0,45%), o que não é um sinal positivo. Por outro lado, a economia está desacelerando e o governo avalia que a potência máxima da política de aperto de juros, crédito e da política fiscal da primeira metade do ano está sendo atingida agora.