Título: PCdoB avisa o PT: se Orlando cair, Agnelo vai junto
Autor: Rosa, Vera ; Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2011, Nacional, p. A4

A cúpula do PCdoB fez chegar ao Palácio do Planalto o seguinte aviso, em tom de ameaça: se Orlando Silva cair, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), será levado de roldão. Antigo partido de Agnelo, o PC do B não se conforma de pagar sozinho acara fatura que pode resultar na perda do Ministério do Esporte, justamente agora que a pasta passou de patinho feio a vitrine, por causa da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Preocupados com o agravamento da crise, dois ministros filiados ao PT conversaram com Orlando e pediram a ele que não esticasse a corda com Agnelo. Ao menos ontem, o apelo foi atendido: no depoimento à Câmara, o titular do Esporte não disse uma palavra que desse margem a interpretações negativas sobre a conduta do antecessor.

Na segunda-feira, ao se defender das denúncias, Orlando usou uma frase que deixou o governo apreensivo.Ao afirmar que Agnelo agira de ¿boa-fé¿ ao pedir para ele, então secretário executivo do Esporte, receber o policial João Dias Ferreira ¿ hoje seu acusador ¿, o ministro lançou no ar uma suspeita. ¿Não quero crer que o governador de Brasília de hoje tivesse qualquer informação sobre a conduta dessa pessoa (João Dias) que fosse desabonadora¿, insistiu Orlando.

Furioso com o ex-comunista Agnelo, o PCdoB avalia agora que o PT trabalha para derrubar Orlando, em sintonia com o PMDB, de olho no orçamento do ministério da Copa. Não é segredo, porém, que Dilma já não queria manter o titular do Esporte quando montou a equipe, mas o PCdoB cerrou fileiras em torno dele. Além disso, Orlando contou com um importante avalista: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Naquela ocasião, Dilma chegou a confidenciar que gostaria de chamar para a vaga a ex-prefeita de Olinda e hoje deputada Luciana Santos (PCdoB-PE). Por conveniências políticas, ela não pôde realizar seu desejo.

Agora, ninguém sabe se Orlando resistirá até a reforma ministerial, prevista para janeiro de 2012. Nem se Luciana ainda está na mira de Dilma.