Título: Previsão de inflação para 2012 tem 7ª alta seguida
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2011, Economia, p. B4

Diante da expectativa de que o Banco Central deve seguir com os cortes de juro até pelo menos o início de 2012, cresce o pessimismo do mercado financeiro com a inflação.

Além de prever alta dos preços acima do teto permitido pela meta em 2011, analistas pioram há sete semanas seguidas as estimativas para o IPCA do próximo ano. Ontem a previsão para o IPCA passou de 5,59% para 5,61%, segundo a pesquisa Focus divulgada pelo BC.

A piora das expectativas para o IPCA acontece ininterruptamente desde a primeira semana de setembro, exatamente após a polêmica decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em uma reunião em que o mercado apostava na estabilidade da taxa.

A surpreendente decisão também atingiu as projeções para a inflação em 2011, que passaram a subir no mesmo período e atingiram o máximo de 6,52%, acima do teto da meta que é de 6,50%. O número segue estacionado nesse patamar há três semanas.

"O mercado entendeu que o BC pode trabalhar com uma inflação acima do centro da meta, entre 5,5% e 6% nos próximos anos, para evitar um desempenho muito fraco no crescimento da economia", diz a economista-chefe da corretora iCap no Brasil, Inês Filipa.

Ela explica que, mesmo com a economia mais lenta por causa da crise, a demanda interna segue aquecida graças ao mercado de trabalho - que não apresentou piora - e aos ganhos de salário. "O trabalhador sabe que tem poder de barganha nas mãos e há aumento de salário acima da inflação. Isso ajuda a manter a demanda aquecida e, consequentemente, os preços em alta", diz a economista.