Título: Emprego cresce menos na construção
Autor: Chiara, Márcia de
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2011, Economia, p. B7

Número de vagas aumenta 1,27% em agosto ante julho; em 2010 a alta foi de 1,75%

O emprego na construção civil em todo o País está crescendo em ritmo menor, acompanhando tendência já sinalizada pela indústria, comércio e o setor de serviços.

Em agosto, o saldo líquido de contratações na construção civil, com carteira de trabalho assinada, foi 1,27% maior em relação a julho e 20% menor na comparação com o mesmo mês do ano passado, aponta o relatório do Sindicato da Construção (Sinduscon-SP). O relatório foi elaborado a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Em agosto deste ano, a última informação disponível, entre contratações e demissões, a construção civil abriu 38.770 vagas. No mesmo mês de 2010, tinham sido 48.576 postos de trabalho e acréscimo de 1,75% na variação mensal. Neste ano até agosto, o emprego no setor acumula alta de 9,44%, ante elevação de 14,76% em igual período de2010. Em12 meses, até agosto deste ano, a variação foi de 7,77% no número de postos de trabalho, quando a taxa de crescimento tinha sido bem maior, de 16,51%.

Apesar de os números do emprego mostrarem desaceleração, o vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, pondera que os resultados são robustos e que as taxas de crescimento são menores neste ano porque a base de comparação é muito alta. ¿O saldo líquido de contratações está batendo de 30 mil a 40 mil vagas a cada mês. Eu não consigo enxergar desaceleração¿, diz o economista.

Ele observa também que as empresas ainda enfrentam dificuldades para recrutar mão de obra, do pedreiro ao engenheiro.

Demora

Outro argumento usado pelo vice-presidente de economia do Sinduscon-SP para rechaçar a interpretação de que há desaceleração do emprego no setor está baseado no próprio ciclo de produção da construção civil. Ao contrário de outros setores, como a indústria de bens de consumo, por exemplo, a reação da construção civil a uma mudança de rota da economia é muito mais lenta. ¿A construção civil é um transatlântico¿, compara.

Isso quer dizer que em momentos como o atual, no qual as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano e o próximo estão sendo reduzidas, o impacto na construção civil não deve ocorrer no curto prazo. ¿As obras que estão em andamento continuarão sendo tocadas¿, diz o economista. Nas suas contas, demora seis meses, no mínimo, para que as mudanças de cenário econômico tenham reflexos no emprego e na produção do setor.

Além disso, Zaidan observa que o emprego em segmentos de preparação de terrenos, que é um indicador antecedente das futuras obras, continua forte. Também a perspectiva de grandes eventos, como a Copa do Mundo e Olimpíada, reforça as expectativas de cenário positivo para o emprego no setor.

Norte

Segundo a pesquisa, o total de trabalhadores empregados na construção civil atingiu 3,096 milhões em agosto, dos quais 51% na região Sudeste. Mas em termos de taxa de crescimento, foi a região Norte que mais ampliou o número de vagas em agosto na comparação com julho, com alta de 2,62%. O grande volume de obras na região explica o bom resultado.