Título: Turquia busca sobreviventes de tremor
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2011, Internacional, p. A17

Mais de 2 mil socorristas correm contra o tempo e reviram escombros no leste do país após terremoto que matou 280 no domingo

Mais de 2 mil homens de equipes de resgate, com a ajuda de cães farejadores, corriam ontem contra o tempo para retirar sobreviventes dos destroços e atender aos mais de mil feridos do terremoto de 7,2 graus na escala Richter que atingiu o leste da Turquia no domingo. Segundo a agência Anatolia, muitas pessoas estavam sendo resgatadas com vida mesmo após 24 horas debaixo dos escombros.

De acordo com autoridades turcas, a contagem oficial é de 280 mortos, mas a expectativa é a de que esse número aumente nas próximas horas. Segundo o Instituto de Sismologia de Kandilli, da Universidade Bogazici, de Istambul, o total de vítimas pode chegar a mil. Mustafa Erdick, diretor do instituto, afirmou que os cálculos foram feitos com base na estrutura das casas e na força do terremoto.

De acordo com Erdick, mais de 200 réplicas de até 5 graus na escala Richter foram registradas na região na noite de ontem. As cidades mais afetadas foram Van e Ercis, de maioria curda, perto da fronteira com o Irã, onde a maior parte das casas era de tijolos.

Em Ercis, de 75 mil habitantes, cerca de 80 prédios desabaram. Milhares de moradores aterrorizados passaram a noite na rua, perambulando entre os escombros e focos de incêndio. Tanto em Van quanto em Ercis não há água e a eletricidade foi cortada. A Turquia está em uma das áreas com maior atividade sísmica do mundo. Em 1999, dois terremotos com mais de 7 graus mataram cerca de 18 mil pessoas no noroeste do país.

Organizações de ajuda humanitária em todo o país enviaram roupas e cobertores para a região, onde a temperatura cai abaixo de zero nos primeiros meses do outono.

Outros países também ofereceram ajuda, entre eles o Brasil. Uma das ofertas foi feita por Israel, com quem Ancara vive uma crise diplomática agravada pelo ataque israelense a uma frota de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, que matou nove turcos, em maio de 2010. Antes do afastamento, os dois países mantinham uma estreita cooperação em casos de tragédias naturais.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, telefonou para Erdogan e ofereceu condolências, afirmando que o "Estado judeu" está pronto para ajudar a Turquia. Mas analistas afirmaram que é cedo para saber se haverá uma reaproximação entre os dois países.

Por enquanto, o premiê turco recusou todas as ofertas de assistência externa - na realidade, ele só aceitou a ajuda do Irã e do Azerbaijão, países vizinhos e mais próximos da área afetada. Aos outros, o premiê agradeceu, mas disse que a Turquia conseguirá lidar sozinha com o desastre. / REUTERS, NYT e AP