Título: Custo de pré-teste aumentou 559% em 1 ano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2011, Vida, p. A20

O Inep contratou no ano passado, sem licitação, um consórcio para aplicar o pré-teste de itens do exame - o serviço custou R$ 6,2 milhões, valor 559% superior ao contrato anterior, de R$ 939,5 mil. Um dos motivos alegados para a elevação de custo indicado era o aumento na segurança dos procedimentos.

Além disso, o número de alunos que fez o pré-teste em 2010 também dobrou em relação a 2009. A ideia era aplicá-lo para 100 mil estudantes em 40 municípios - no ano anterior, 50 mil participaram, em dez capitais.

A função do pré-teste é verificar quais questões, dentro do banco de itens disponível, são consideradas fáceis ou difíceis por candidatos de perfil semelhante aos que fazem o Enem. Isso porque a prova utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), em que a nota não depende apenas do número de acertos, mas do nível de dificuldade dos itens.

Para especialistas ouvidos pelo Estado, o Inep deveria contar com um banco de, no mínimo, 30 mil questões. Atualmente, o banco tem cerca de 20 mil. De acordo com a pasta, a maior parte delas foi elaborada por professores de universidades federais. O MEC quer chegar a 180 mil para digitalizar os itens.

Para a calibragem das questões, é necessário que cada item tenha entre 600 e 1 mil respostas, segundo especialistas. "Esse modelo de pré-testes é uma coisa a se pensar. Realmente, na forma em que é realizado, parece deixar essa brecha. O ideal é ter um banco grande, para não depender de questões pré-testadas recentemente", afirma Tufi Machado Soares, especialista em TRI da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para ele, que elogia o modelo do Enem, a coincidência de nove questões não deixa dúvidas sobre o vazamento.

José Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais, explica que pré-testar os itens faz parte da escolha de manter um modelo híbrido do Enem - como vestibular e avaliação. "O pré-teste só é necessário se você quer comparar com edições anteriores. Na medida em que se transformou em vestibular, ganhamos muito pouco com a comparabilidade." / M.M., P.S. E RAFAEL MORAES MOURA