Título: Desembolsos do BNDES caem 15% em um ano
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2011, Economia, p. B1

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve terminar o ano com um desembolso entre R$ 140 bilhões e R$ 145 bilhões. A previsão, feita ontem pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, representa uma retração em torno de 15% no volume de liberações do banco em relação ao ano passado, quando atingiu o recorde de R$ 168,4 bilhões emprestados.

A projeção é ligeiramente menor do que a feita por Coutinho no início do ano, de cerca de R$ 146 bilhões, e reflete a queda dos desembolsos do banco até o terceiro trimestre deste ano. Entre janeiro e setembro, o BNDES somou R$ 91,8 bilhões em liberações, desempenho 28% inferior a igual período de 2010.

Segundo Coutinho, o freio na curva de crescimento do BNDES acentuada nos últimos anos com empréstimos do Tesouro Nacional está dentro do planejado e não prejudicou a oferta de crédito para investimentos. Para Coutinho, a retração do BNDES foi compensada pelo mercado de capitais.

"O investimento cresce a uma taxa mais moderada, mas está crescendo. Gostaríamos de avaliar o sucesso em 2011 não pelo aumento do desembolso, mas pela capacidade de o banco moderá-lo sem prejudicar o investimento. Claro que essa tarefa se tornou mais difícil com o agravamento da crise internacional, mas ela continua sendo o nosso objetivo este ano", disse.

Coutinho fez uma leitura pessimista do curto prazo no cenário internacional, com as dúvidas sobre a estratégia de recuperação da Europa e o processo eleitoral nos Estados Unidos, e admitiu que a piora desse quadro agravou a "desaceleração programada" pretendida pelo governo no início do ano.

"O governo brasileiro tem recursos e capacidade para ultrapassar esse processo de desaceleração", disse o presidente do BNDES, citando a política monetária e projetos de infraestrutura, mas sem descartar o banco entre eles. O crescimento do BNDES nos últimos anos vinha sendo apontado como um vetor inflacionário por alguns economistas, tese que tem sido refutada pelo banco.

A queda das liberações do BNDES foi mais acentuada no setor industrial, cujos financiamentos caíram 56% entre janeiro e setembro, na comparação com igual período de 2010, e somaram R$ 28,4 bilhões. A infraestrutura, que lidera os desembolsos neste ano com R$ 38 bilhões (41% do total), registrou alta de 4%. Houve alta de 1% para agropecuária e queda de 4% para comércio e serviços.

O banco bateu novo recorde de desembolsos para micro, pequenas e médias empresas, atingindo R$ 36,2 bilhões. A alta de 8% no período fez com que o segmento respondesse por 39,5% do crédito liberado pelo BNDES em 2011.

O vice-presidente do BNDES, João Carlos Ferraz, afirmou que a redução de 34% dos financiamentos subsidiados do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) não representam redução da demanda por crédito para investimento, já que houve migração para outras linhas do banco que ficaram com condições melhores após o reajuste das taxas de juros do crédito especial para bens de capital.

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