Título: Indústria para de piorar em outubro, diz FGV
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2011, Economia, p. B1

Pelo 10º mês seguido, confiança caiu, mas recuo foi bem menor, refletindo que parte do ajuste de estoques já ocorreu Márcia De Chiara As perspectivas para a indústria brasileira para o último trimestre deste ano pararam de se deteriorar. Mas isso não indica que o desempenho do Natal e do o início de 2012 supere o resultado do ano passado, aponta a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Não dá para dizer que há uma melhora, mas que parou de piorar", afirma o coordenador da sondagem, Aloísio Campelo. Dados apurados pela sondagem, que consultou 1.243 indústrias no mês passado, mostram que o Índice de Confiança da Indústria (ICI), espécie de indicador que resume as expectativas dos empresários, caiu em outubro pelo décimo mês seguido. A retração, porém, foi bem menor que a registrada nos meses anteriores. Entre junho e setembro, o ICI recuava cerca 2% a cada mês. Em outubro, a queda foi de apenas 0,4% ante setembro. Segundo Campelo, essa relativa estabilização resultou de uma combinação de fatores, como a redução das taxas de juros, a desvalorização do real em relação ao dólar e as medidas adotadas pelo Plano Brasil Maior, anunciado pelo governo em agosto. De toda forma, os resultados mostram que o ajuste de estoques na indústria já começa a surtir efeitos. Boa parte das empresas conseguiram reduzir os volumes de produtos indesejados. De acordo com a enquete, dos 14 segmentos industriais pesquisados, 8 tiveram queda nos estoques de setembro para outubro, 5 registraram alta e um manteve os volumes de produtos. Entre os setores que conseguiram reduzir os volumes de produtos encalhados estão os fabricantes de material de transporte, metalurgia, têxtil e vestuário e calçados. Apesar do recuo, os níveis de estoques nesses segmentos estão acima da média. No extremo oposto, houve aumento de setembro para outubro de estoques nas fábricas de celulose, produtos farmacêuticos, minerais não metálicos e móveis, entre outros. Com esse ajuste, o cenário do emprego traçado pelas empresas para o período outubro e dezembro é neutro. Em outubro, 17,9% das indústrias pretendiam ampliar os quadros no último trimestre e 13% demitir. Em setembro, 17,7% das companhias planejavam contratar e 12,6% reduzir o número de trabalhadores. "A indústria de transformação não está num movimento de grandes contratações", afirma Campelo. De acordo com a sondagem, quatro segmentos se destacaram pelas perspectivas desfavoráveis para o emprego até o fim do ano: calçados e vestuário, metalurgia, produtos farmacêutico e veterinário, mecânica e celulose e papel. Campelo observa que foram exatamente os segmentos que estão com ajuste de estoque sem curso que têm piores perspectivas para contratações. Produção. Até dezembro, deverá ocorrer um ligeiro crescimento na produção das fábricas. Em outubro, a produção prevista para três meses cresceu 0,9% ante setembro, descontadas as influências sazonais. Campelo destaca que a recuperação da produção reflete o ajuste dos estoques ocorrido em alguns segmentos. Apesar dessa pequena reação, o cenário para indústria no último trimestre do ano é de uma ligeira recuperação em relação ao terceiro trimestre, mas, segundo o economista, o desempenho não deverá superar o registrado no mesmo período de 2010. "Naquela época as indústrias estavam contratando", lembra Campelo. Depois dos dados da sondagem de outubro, o economista não aposta num resultado muito animador para indústria em 2011. Até agosto, a indústria brasileira cresceu 2,3% em 12 meses. "Para o ano inteiro de 2011, não acredito que o crescimento da produção possa ultrapassar a marca de 2%", prevê.