Título: Ex-superintendente do Panamericano é indiciado
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2011, Economia, p. B6

Palladino é acusado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta, entre outros crimes

O ex-diretor superintendente do Banco Panamericano Rafael Palladino foi indiciado criminalmente ontem pela Polícia Federal, acusado por fraudes e rombo de R$ 4,3 bilhões. A PF enquadrou o ex-homem de confiança do empresário Silvio Santos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e violação a outros três artigos da Lei 7492/86, que define os crimes contra o sistema financeiro.

As penas previstas para os crimes imputados a Palladino vão de 10 a 37 anos de reclusão. "Trabalhei 22 anos no grupo Silvio Santos, minha conduta sempre foi ilibada, nunca teve nada que me desabonasse", declarou Palladino, à saída do prédio sede da PF em São Paulo.

Ele disse que se considera "vítima de um linchamento público". Sobre as fraudes que lhe são imputadas pela PF, observou. "Primeiro, a gente põe em dúvida o rombo."

Acompanhado de seus advogados, os criminalistas Elizabeth Queijo e Eduardo Zynger, ele afirmou: "Foram 22 anos de trabalho sério, honesto. 60% a 70% do que aconteceu no Grupo Silvio Santos teve minha participação."

Perante o delegado Milton Fornazari Junior, que dirige o inquérito sobre o Panamericano, Palladino se manteve calado. Reservou-se ao direito de falar apenas à Justiça. "(Palladino) tem muito a dizer, mas vai falar perante uma autoridade imparcial", disse Elizabeth Queijo.

"Meu cliente não foi ouvido durante todo o transcurso do inquérito, hoje (ontem) foi chamado para indiciamento que não tivemos ciência", protestou a advogada. Ela reclamou que não teve acesso aos fundamentos do indiciamento.

Porta da frente. A PF acusa Palladino de "induzir ou manter em erro sócio, investidor ou repartição pública competente relativamente a operação ou situação financeira". Também imputa ao ex-presidente do Panamericano "a inserção de elemento falso em demonstrativos contábeis" e contabilidade paralela.

Para a PF, Palladino realizou operações de lavagem de dinheiro ao adquirir em nome de terceiros, inclusive um mecânico, as empresas Techno Brasil Indústria e Comércio de Fios e Cabos Especiais e Techno Plast Indústria e Comércio de Produtos Injetados. "A complexa engenharia financeira montada por Rafael Palladino, com o emprego de interpostas pessoas, possibilita a lavagem dos recursos obtidos ilicitamente quando era gestor do Panamericano", aponta a PF.

Há duas semanas, a PF requereu a prisão de Palladino. O juiz Douglas Camarinha Gonzales, da 6.ª Vara Criminal Federal, não autorizou, mas confiscou o passaporte do investigado, proibindo-o de deixar o país. "Eu não estou fugindo", desabafou Palladino ao explicar porque não depôs à PF. "Queriam que eu entrasse pela porta dos fundos. Nunca fugi de ninguém. Estou saindo pela porta da frente."