Título: BNDES vai receber mais recursos do Tesouro
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2011, Economia, p. B11

Até o fim do ano, o governo deverá liberar pelo menos uma parte dos R$ 25 bilhões que faltam da linha de financiamento já autorizada por lei

O governo deve liberar, até o fim do ano, mais um empréstimo do Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para dar mais fôlego aos investimentos no início de 2012. Se não os R$ 25 bilhões que faltam da linha de financiamento de R$ 55 bilhões, já autorizada por lei, pelo menos uma parte do dinheiro, informaram fontes ao "Estado".

A liberação faz parte da estratégia do governo de garantir um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está pronto para acionar novos estímulos para dar gás extra à economia, assim que ficar mais claro, nessas últimas semanas que faltam para o fim de 2011, que a desaceleração do ritmo de expansão este ano foi maior do que se esperava.

Nesse cenário, o ano de 2012 deve começar cheio de surpresas na área econômica. Nas últimas semanas, Mantega já sinalizou publicamente a necessidade de retirada de algumas medidas macroprudenciais adotadas desde o início do ano, entre elas a restrição ao crédito, para esfriar a economia e ajudar o Banco Central no controle da inflação. Segundo fontes, o ministro vê espaço para novos estímulos e a sua equipe já está debruçada em torno dessa estratégia de política econômica para agir o mais rápido possível.

Pessimismo. O pronunciamento, na quarta feira, do presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Ben Bernanke, avisando que o ritmo do progresso econômico nos Estados Unidos deve ser lento e frustrante, espalhou mais pessimismo em torno das perspectivas para a economia mundial em 2012 e reforçou a avaliação interna do Ministério da Fazenda da necessidade de acionar novas medidas.

Nessa direção, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também pressiona e tem dito que a orientação da presidente Dilma Rousseff é a de atacar com vigor o problema dos investimentos no ano que vem, como a melhor resposta de políticas públicas para que o Brasil enfrente a crise internacional.

Desde a crise de 2008, o BNDES já recebeu R$ 235 bilhões de empréstimos do Tesouro, dinheiro que reforçou o caixa do banco para financiar novos investimentos. Mas, em 2011, a liberação dos recursos ficou mais restrita.

Com a política do governo de moderação na expansão do crédito para auxiliar o Banco Central, o BNDES calibrou algumas linhas, reduziu seu nível de participação máxima nos financiamentos e colocou um pé no freio nos desembolsos. De janeiro a setembro, a queda foi de 28%.

Há um grande desconforto com o ritmo de crescimento tanto do investimento privado, quanto do investimento público. As medidas de estímulo ao investimento de longo prazo pelo setor privado, lançadas no fim do ano passado, não surtiram efeitos. E o baixo nível de investimento do governo federal no primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff (queda de 2,7% até setembro), se por um lado está ajudando a garantir o cumprimento da meta de superávit primário das contas do setor público deste ano, por outro, tem causado também cada vez mais desconforto na Esplanada dos Ministérios.