Título: UE exige medidas concretas de Grécia e Itália para conter dívida
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2011, Economia, p. B5

Autoridades europeias também querem que os dois países adotem medidas concretas para frear o crescimento da dívida pública e impedir que a crise se espalhe para outros países do bloco

A União Europeia (UE) eleva o tom e exige que a Grécia e a Itália adotem medidas concretas para acabar com a instabilidade política no bloco europeu. Os dois países também estão sendo pressionados para que comecem a adotar medidas para frear o crescimento da dívida pública.

Nesta segunda-feira, os ministros das Finanças dos países da UE se reuniram em Bruxelas e, enquanto a pressão aumentava sobre Atenas e Roma, as autoridades europeias buscavam uma forma de acelerar a implementação do fundo de resgate no bloco para impedir o contágio da crise para outros países.

O dia foi de péssimas notícias para todo o bloco. A França anunciou um dos maiores cortes no orçamento em décadas, a Itália estava à beira do abismo e a Grécia atolada em sua política doméstica bizantina.

Em Bruxelas, a UE insistiu que a Itália precisa dar garantias de que vai aplicar as reformas que prometeu no G-20 para reduzir sua dívida e alertou que, se a situação sair do controle, poderia ameaçar a sobrevivência do euro.

A Comissão Europeia confirmou que vai enviar ainda nesta semana uma missão de monitoramento para a Itália, uma maneira que UE encontrou de controlar se, de fato, as medidas de austeridade propostas estão ou não sendo aplicadas.

Bruxelas ainda enviou um questionário a Roma pedindo que o governo "esclareça" seus planos para reduzir a dívida de € 1,9 trilhão, seis vezes maior que a da Grécia.

Neste pregão, o Banco Central Europeu (BCE) foi obrigado a intervir mais uma vez no mercado para comprar papéis da dívida italiana e tentar reduzir a tensão, o que não conseguiu.

"É essencial que a Itália cumpra o que prometeu", afirmou o comissário da UE para Assuntos Econômicos, Olli Rehn. Grécia. A pressão também era dirigida contra a Grécia. O governo aceitou a renúncia e a formação de uma aliança nacional, sem a presença do primeiro-ministro grego, George Papandreou.

Mas até a noite desta segunda-feira o novo governo não havia sido formado e ministros da UE exigiam de Atenas esclarecimentos sobre a situação política grega antes de desbloquear novas parcelas dos empréstimos.

Para o presidente da zona do euro, Jean Claude Juncker, a liberação do dinheiro dependeria de como os ministros avaliassem os compromissos apresentados pelo ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos.

Em Bruxelas, porém, Venizelos defendeu que o mero fato de Atenas ter chegado a um acordo de união nacional já deveria ser suficiente para convencer seus parceiros europeus a abrirem o cofre.

"Temos um novo governo de união nacional e de responsabilidade nacional", disse. "Essa é a prova de nosso compromisso", completou.

O problema era que Papandreou ainda não conseguiu anunciar o novo governo, apesar de passar o dia em reuniões. O premiê convocou uma reunião para a manhã desta terça-feira, quando o novo nome pode ser anunciado.

Fundo de Resgate

Se a UE pressionava os dois países da periferia do bloco, Bruxelas também era pressionada para chegar a um acordo sobre o financiamento do fundo de resgate do continente.

O bloco se concedeu até o fim do mês para encontrar uma solução sobre como financiar o mecanismo com mais de 1 trilhão para evitar que a crise da dívida se propague. Diante da crise que parece não acabar, a ideia é de ter um acordo já para o dia 17.

Diplomatas admitiram que a ideia de chegar a € 1 trilhão estava cada vez mais difícil de ser atingida, principalmente depois da hesitação dos países emergentes em colaborar.