Título: Comando da economia argentina no novo governo ainda é mistério
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/11/2011, Economia, p. B9

Cristina Kirchner, que já teve três ministros da Economia, ainda não definiu quem será o novo ocupante da pasta

Ao longo do primeiro mandato, a presidente Cristina Kirchner teve formalmente três ministros da Economia. Porém, o chefe virtual dessa pasta era o próprio marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). Desde sua morte, há um ano, o comando ficou nas mãos do ministro Amado Boudou, agora vice-presidente eleito de Cristina Kirchner.

Boudou, que dedica parte do tempo a tocar a guitarra elétrica em apresentações de rock, terá de passar o posto para outro ministro. Até agora, no entanto, o governo ainda não definiu quem ocupará a pasta.

A lista de nomes inclui a presidente do Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, economista heterodoxa amiga da presidente Cristina, autora das recentes medidas para controlar o dólar. Ela, no entanto, possui uma relação tensa com Boudou. Outra candidata - de relações também complexas com Boudou - é a atual ministra da Indústria, Débora Giorgi, apelidada de "Senhora Protecionismo", autora de várias medidas que restringem a entrada de produtos brasileiros no mercado argentino. Ela é a preferida dos industriais.

Outro "ministeriável" é o atual vice-ministro da Economia, Roberto Feletti, que causou polêmica há poucos meses quando defendeu o "aprofundamento do populismo". É o preferido dos sindicalistas.

Além deles, a lista é integrada pelo secretário de Finanças, Hernán Lorenzino, autor da segunda reestruturação da dívida pública com os "hold outs" (credores privados que haviam ficado de fora da primeira reestruturação), realizada no ano passado. Lorenzino é o preferido de Boudou, com o qual fez uma sólida amizade gerada pela paixão comum pelo rock.

O último nome a ser acrescentado na lista de potenciais ocupantes do Ministério da Economia é o do ex-presidente do Banco Central argentino e ex-diretor do Banco da Inglaterra, Mario Blejer. Esta opção seria um sinal forte do governo Kirchner de que pretende uma reaproximação com os mercados.

Outros nomes especulados são os de Diego Bossio, diretor do sistema previdenciário; Juan Fábrega, presidente do estatal Banco de La Nación e Miguel Peirano, o último ministro da Economia de Kirchner. / A.P.