Título: Fed reduz expectativa para o PIB dos EUA
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2011, Economia, p. B7

Crescimento ficará entre 1,6% e 1,8% este ano, segundo o banco central americano

Em um claro recuo, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reviu para baixo sua estimativa anterior para o crescimento da economia americana até o fim de 2013. Neste ano, a expansão da atividade ficará entre 1,6% e 1,8%, uma margem mais modesta do que a projetada em junho passado, de 2,5% a 3,5%. Diante dessa redução de otimismo, o Fed manteve ontem sua decisão de manter a taxa básica de juros entre zero e 0,25% até meados de 2013 e as medidas anunciadas há dois meses.

A decisão não foi unânime durante a reunião da diretoria do Fed e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O presidente do banco central de Chicago, Charles Evans, votou contra e insistiu na adoção de medidas adicionais para estimular a economia.

Em setembro, o Fed anunciara um programa de troca de US$ 400 bilhões em títulos do Tesouro americano de curto prazo por papéis com maturidade maior. O banco central dos EUA também decidira reinvestir o pagamento de hipotecas na redução da dívida das agências de financiamento habitacional.

Em comunicado, o Fed informou ter havido "algum fortalecimento do crescimento econômico no terceiro trimestre".

De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, essa expansão foi de 2,5%, em função do crescimento mais rápido dos gastos das famílias nos últimos meses e do aumento dos investimentos produtivos. Porém, salientou o Fed, o setor da construção continua deprimido, e os investimentos em estruturas produtivas mantêm-se fracos.

"Indicadores recentes apontam a contínua fragilidade das condições de todo o mercado de trabalho, e a taxa de desemprego continua elevada", mencionou o documento, referindo-se ao porcentual de 9,1%, equivalente a 14 milhões de trabalhadores sem emprego em setembro.

Esse cenário levou o Fed a refazer os cálculos e a anunciar projeções bem menos otimistas para este e os próximos dois anos.

A revisão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA neste ano, para a faixa entre 1,6% e 1,8%, acompanha o movimento feito em setembro passado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A projeção do Fundo é de expansão de 1,5% na atividade econômica neste ano, com elevadas taxas de desocupação nos próximos anos.

Ano de eleição. Em junho, a perspectiva do Fomc de uma taxa mínima de desemprego de 8,4% neste ano foi substituída pela de 8,9%. Para 2012, ano de eleição presidencial nos EUA, o crescimento máximo de 4,0% foi reduzido para 3,5% e acabou eliminada a estimativa de desemprego abaixo de 8,0%. Em junho, previa-se uma taxa de desocupação entre 7,5% e 8,7% para o ano que vem. Agora, o Fed projeta uma variação entre 8,1% e 8,9%.

Para 2013, o PIB deve crescer entre 2,7% e 4,0%. Em junho, essa projeção era mais ambiciosa, de 3,0% a 4,5%. A taxa de desemprego, antes estimada entre 6,5% e 8,3%, passou para a faixa entre 7,5% e 8,4%. A inflação não chega a ser uma preocupação para o Fed.

Desde o início do ano, o indicador de preços "parece ter moderado", graças às quedas dos picos de preços de energia e de algumas commodities. "As expectativas de inflação em longo prazo continuaram estáveis", registrou o Fomc.

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